As empresas estrangeiras do setor de energia e petróleo e o apetite sobre o mercado brasileiro

Uma semana após a divulgação do balanço anual 2017 da Petrobras, e nas últimas 48 horas, três grandes petrolíferas estrangeiras – a anglo-holandesa Shell, a norueguesa Statoil e a norte-americana ExxonMobil – sinalizam estratégias de ampliação de sua atuação no Brasil.

De acordo com o jornal  Valor Econômico[1], de 22/03/2018, as duas únicas petroleiras estrangeiras a ingressarem como operadoras do pré-sal nos leilões de partilha realizados em 2017, Shell e Statoil, já preparam suas primeiras perfurações nos blocos recém adquiridos e mantem o interesse em voltar a investir em novos ativos no Brasil.

No caso da Shell, a empresa sinaliza que deve buscar novas oportunidades de negócios não só na área de exploração e produção, mas também no mercado de gás natural, que, a propósito, passa por uma intensa transformação promovida pelo novo projeto do atual governo “Gás para Crescer”. O presidente da Shell no Brasil aponta que tanto o pré-sal quanto o gás natural são elementos estratégicos para a companhia, pois o primeiro tem alta produtividade a baixos custos e o segundo é fundamental para a transição energética em direção a uma economia de baixo carbono. A Shell já investiu cerca de US$ 100 milhões na compra de ativos brasileiros e pretende ampliar esse valor em 2018 buscando desbravar novas fronteiras no país e também no México.

No que se refere à Statoil, por seu turno, a empresa também mantém interesse crescente no mercado brasileiro, avançando em direção ao mercado de gás natural e outras energias renováveis. O vice-presidente da Statoil no Brasil sinaliza um plano estratégico de três ou quatro décadas para exploração de óleo e gás no Brasil. A Statoil já investiu cerca de US$ 3,6 bilhões no país desde o ano passado, em projetos que envolvem o pré-sal, o pós-sal, o gás natural e a geração de energia solar, fazendo dela uma das maiores sócias da Petrobras na exploração e produção e a petroleira estrangeira que mais investiu em aquisições no Brasil desde 2016.

A ExxonMobil, por fim, também sinaliza o aumento do seu apetite sobre o mercado petrolífero nacional, como noticia o jornal Valor Econômico[2] de hoje, 23/03/2018. A petrolífera norte-americana está tentando viabilizar a termelétrica Rio Grande, representantes da empresa tiveram uma reunião no início do mês com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A construção da termelétrica, cuja capacidade de geração é de 1,3 gigawatt (GW), deve ser negociada em conjunto com a construção de um terminal de regaseificação de gás natural liquefeito (GNL), seguindo um modelo já experimentado pela ExxoMobil  na termelétrica e no abastecimento de gás natural do Porto de Sergipe.

Enquanto o atual governo busca desmontar o Sistema Petrobras e o Sistema Eletrobras tratando energia, petróleo e gás natural como meras commodities mercantis e não como recursos naturais estratégicos, as grandes petrolíferas estrangeiras seguem se integrando no mercado empresarial brasileiro. Enquanto o governo brasileiro faz jejum de investimentos, o capital internacional abocanha com apetite fatias significativas do setor energético e petrolífero nacionais. 

[1] Fonte: <http://www.valor.com.br/empresas/5398433/shell-e-statoil-avaliam-ampliar-negocios-no-brasil> Acessado em 23/03/2018.

[2] Fonte: <http://www.valor.com.br/empresas/5401305/exxonmobil-quer-construir-termeletrica> Acessado em 23/03/2018.

[Via INEEP]