Trancaço marca o início das mobilizações contra a privatização da Repar e Terminais da Transpetro

A Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar) e a Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen-PR), em Araucária, região metropolitana de Curitiba, amanheceram nesta quinta-feira (26) com suas vias de acesso paralisadas. Petroleiros, petroquímicos e trabalhadores da montagem bloquearam os portões do complexo industrial em protesto contra o anúncio de privatização da Repar e outras três refinarias:  Abreu e Lima (RNEST-Pernambuco), Landulpho Alves (RLAM-Bahia) e Alberto Pasqualini (Refap-Rio Grande do Sul).

A venda de parcela representativa do parque de refino nacional foi anunciada por Pedro Parente, presidente ilegítimo da Petrobrás, na última quinta (19). O modelo de privatização apresentado prevê a venda de 60% dessas unidades e seus sistemas integrados de logística (dutos e terminais de distribuição). O que significa que a Petrobras perderia o controle acionário e a empresa que vier a comprar teria o controle da gestão das refinarias.

O trancaço das unidades em Araucária foi uma das primeiras de uma série de mobilizações que a categoria petroleira vai fazer para enfrentar a proposta de venda da Repar e outras refinarias. Na próxima semana começam as assembleias para avaliar a deflagração de greve por tempo indeterminado. “O momento é crítico e temos que aumentar a nossa unidade na luta contra a privatização. Quando as empresas privadas assumem estatais, cometem uma série de atrocidades contra direitos e benefícios dos trabalhadores. Salários são achatados e as demissões rolam soltas, sem distinção hierárquica. Vamos lutar com todas nossas forças para impedir isso”, conta Anacélie Azevedo, diretora do Sindipetro PR e SC e secretária da mulher trabalhadora da CUT Paraná.

Durante a manifestação, Thiago Olivetti, dirigente do Sindipetro Paraná e Santa Catarina e trabalhador da Repar, contou sobre sua experiência enquanto trabalhador terceirizado da empresa ferroviária América Latina Logística (ALL). “Trabalhei lá pouco tempo depois que a Rede Ferroviária Federal foi privatizada. A ALL comprou e a primeira ação da nova gestão foi demitir gerentes e supervisores por causa dos salários mais altos. Essa atitude se repete em todos os processos de privatização. Os que ganham mais e que muitas vezes furam os movimentos sindicais são os primeiros a serem dispensados”, explicou Olivetti.

O diretor Alexandro Guilherme Jorge, que também é trabalhador da Repar, destacou a importância da unidade dos petroleiros neste processo de luta contra a privatização. “Com a luta unitária vamos construir a nossa resistência e não vamos abrir mão de ter a Petrobrás como empresa estatal e a serviço do desenvolvimento do estado, garantindo os empregos dos trabalhadores próprios e melhorando as condições dos trabalhadores terceirizados, que sofrem muito com tudo o que tem ocorrido na Petrobrás nesse último período”.   

Manifestação no Rio de Janeiro

Os trabalhadores do Sistema Petrobras amanheceram nesta quinta-feira, 26, mobilizados para barrar o avanço da privatização que está desmontando a estatal, em tempo recorde. Em menos de dois anos, os golpistas já entregaram mais de 30 ativos estratégicos da petroleira e avançam agora contra as refinarias, terminais e oleodutos. Para acelerar a privataria, o governo Temer indicou para o Conselho de Administração da Petrobras ex-executivos de multinacionais que concorrem com a empresa. A nomeação deverá ser consolidada na Assembleia dos Acionistas, que acontece nesta quinta-feira, 26, na sede da estatal, no Rio de Janeiro.

Para esses e outros crimes de lesa-pátria, a FUP e as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo realizaram um ato público na manhã desta quinta-feira, no Rio de Janeiro, com participação de petroleiros de outros estados, além de movimentos sociais e centrais sindicais. A manifestação teve início às 11h, na Av. Rio Branco, em frente ao metrô Carioca, de onde os trabalhadores sairão em caminhada em direção à sede da Petrobrás, na Avenida Chile. “A sociedade brasileira tem que saber de mais essa manobra do governo entreguista de Michel Temer e de seu capataz Pedro Parente”, destacou o coordenador da FUP, José Maria Rangel.

[Via Sindipetro-PR/SC]