Não há espaço para conciliação com esse governo, diz presidente da CUT

“Rasgou-se a Constituição para rasgar a CLT”, afirmou o presidente da CUT, Vagner Freitas, para reafirmar que o golpe que pôs Michel Temer no poder foi feito contra os trabalhadores. “A pauta é derrubar o Temer, é restituir a democracia no Brasil. Não é a hora de discutirmos quem é o protagonista da luta contra a direita”, disse o dirigente na manhã de hoje (24), na abertura de encontro em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, promovido pela Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT.

“Não temos espaço para conciliação com esse governo. Vocês acham mesmo que vai ter negociação de pauta com o Temer?”, questionou Freitas. “A pauta que nos unifica é ‘fora Temer’, diretas já, nenhum direito a menos e pela volta da democracia. Não podemos ser dúbios na hora de falar com os trabalhadores. Temos de deixar claro que o grande problema hoje é o estupro à democracia. A crise política que eles criaram aprofunda a crise econômica.” Segundo o presidente da CUT, a reforma da Previdência pretendida pelo governo será o “amálgama” das lutas sindicais. Ele destacou o recente congresso da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), que aprovou greve no setor em 15 de março, movimento que segundo Freitas pode se ampliar para outras áreas.

Freitas também manifestou solidariedade a Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), detido na semana passada durante uma desocupação em São Paulo. “Foi preso de maneira premeditada. A prisão foi pensada antecipadamente. Ele foi preso para dar um recado a quem quiser fazer o enfrentamento”, afirmou.

Enfrentamento foi também a palavra usada pelo presidente da CNM-CUT, Paulo Cayres, para quem é preciso “reverter o caminho do caos”. “Não estamos num enfrentamento qualquer. A burguesia foi para a rua com a sua pauta. É enfrentamento total à direita.”

Globalização

O Brasil vive hoje um embate que não é novo, observou o jornalista Luis Nassif, referindo-se a uma disputa entre visões neoliberais e desenvolvimentistas, envolvendo financeirização, globalização e Estados nacionais. “O capital é importante, mas vinculado a um projeto de país”,  comentou. Para ele, o “discurso mercadista” que sustenta o atual governo tende a enfraquecer.

“Não tem nenhuma chance de esse plano de estabilização dar certo”, afirmou Nassif. O jornalista defende o retorno a um modelo, semelhante ao existente no governo Lula, que contemple políticas sociais, desenvolvimentismo e mercado. Entre os pontos negativos do período Dilma, ele citou o que chamou de “campeões nacionais”, ou um excessivo poder dado às construtoras e o custo fiscal com o pagamento de juros.

O debate continua na tarde desta terça-feira e continua amanhã (25), com as presenças do deputado federal Carlos Zarattini (SP), líder do PT na Câmara, e do senador Lindbergh Farias (PT-RJ).

 

VIA Rede Brasil Atual