Statoil quer ser operadora única de campo do pré-sal doado por Parente

O presidente da Petrobrás, Pedro Parente, vem rendendo frutos cada vez mais suculentos às petroleiras multinacionais, que estão “ganhando” da estatal brasileira campos promissores do pré-sal a preços irrisórios. Carcará, que tem 6 bilhões de barris recuperáveis de óleo e gás, foi praticamente doado à Statoil pelo equivalente a US$ 0,70 o barril. A Petrobrás, que era operadora do consórcio, onde tinha 66% de participação, entregou de bandeja Carcará para a empresa norueguesa, que já planeja ser a operadora única do campo e triplicar sua produção no Brasil, às custas da “ajudinha” que recebeu de Parente, como revela a reportagem da Agência Reuters, cuja íntegra segue abaixo.

No dia 13 de fevereiro deste ano, a FUP ingressou com uma Ação Civil Pública na Justiça Federal, cobrando a anulação da venda da participação da Petrobrás no Campo de Carcará (Bloco BM-S-8) e a suspensão de todos os efeitos decorrentes desta negociação. Os petroleiros consideram a entrega de um reservatório tão estratégico como este um atentado contra os interesses públicos e “clara afronta à Constituição”. Saiba mais

Outros campos do pré-sal que pertenciam à Petrobrás, como Iara e Lapa, de onde se pode extrair 850 milhões de barris de petróleo, já foram também entregues à petroleira francesa Total a um preço inferior a US$ 2,50 o barril. Essa é a gestão temerária de Pedro Parente que a mídia tanto elogia.

Leia a reportagem da Agência Reuters:

Statoil planeja ser operadora única da área de Carcará

OSLO – A petroleira norueguesa Statoil planeja mais do que triplicar sua produção no Brasil e buscará se tornar operadora de toda a descoberta de Carcará, na Bacia de Santos, que está entre as maiores do mundo nos últimos anos, afirmou à agência de notícias Reuters o chefe das operações brasileiras da companhia. A Statoil investiu mais de US$ 10 bilhões no Brasil, tornando-se uma das maiores operadoras estrangeiras em mar no país, com a ajuda do campo de petróleo pesado Peregrino, a 85 quilômetros da costa do Rio de Janeiro, que é o maior que a empresa opera fora da Noruega.

Com Peregrino produzindo de 80 mil a 90 mil barris de óleo equivalentes de petróleo por dia, a participação da Statoil de 60% no campo permite que a empresa produza entre 48 mil e 54 mil barris diários no país.

– Esperamos que a produção (da Statoil) seja mais do que triplicada no Brasil até 2030 – disse Anders Opedal, em uma entrevista.

No ano passado, a Statoil comprou uma participação de 66% da Petrobras e tornou-se a operadora do bloco BM-S-8, na Bacia de Santos, onde está a descoberta de Carcará, por US$ 2,5 bilhões.

A empresa norueguesa também tomou o controle operacional da licença BM-C-33, na Bacia de Campos, da Repsol Sinopec, detendo uma participação de 35 por cento.

Além disso, a companhia aprovou o desenvolvimento da fase 2 de Peregrino, que deverá adicionar 250 milhões de barris de reservas com “break-even” abaixo de US$ 45 por barril, menor que uma estimativa original de US$ 70 por barril.

– Estamos no caminho certo para começar a terceira plataforma em Peregrino, no fim de 2020- disse Opedal.

A Statoil planeja perfurar um poço de exploração em um outro prospecto no BM-S-8 neste ano, antes de se mover para testar fluxos próximo a Carcará em 2018. A Statoil também deverá participar do leilão do pré-sal em 27 de outubro, que incluirá uma área adjacente ao bloco BM-S-8, onde empresas e autoridades dizem estar uma parte da reserva descoberta de Carcará.

– Nós temos um desejo muito forte de que a Statoil seja a operadora de toda a (reserva) descoberta de Carcará – disse Opedal.

Enquanto isso, a empresa ainda avalia opções para o desenvolvimento da licença BM-C-33, na Bacia de Campos, onde três descobertas revelaram um milhão de barris de petróleo equivalente.

– Este é outro campo que será parte da produção principal da Statoil (no Brasil) – disse Opedal, evitando dar qualquer cronograma para decisões de investimento.