Petrobrás altera política de reajustes de combustíveis apenas para tirar de si a responsabilidade na desordem dos preços

Mesmo com a Petrobrás colocando em prática no último dia 19 o novo modelo de divulgação dos preços dos combustíveis, anunciado antes do Carnaval, não vai resolver  a confusão nos preços nas bombas dos postos de combustíveis. Na verdade, ao informar que a empresa, a partir de agora, ao invés dos percentuais de reajustes diários, vai  divulgar apenas os preços da gasolina e do diesel em reais por litro, a Petrobrás não está buscando solucionar coisa nenhuma, mas apenas tentar fugir da responsabilidade e tirar das costas os erros sucessivos e a desordem que se estabeleceu no preço dos combustíveis no varejo. No início, culpou-se os impostos. Agora passou para a responsabilidade para as distribuidoras  e os revendedores. Enquanto a estatal não voltar atrás e deixar de anunciar aumentos diários, sem controle do consumidor, a confusão permanecerá.De acordo com a pesquisa, obtida pelo jornal  Valor Econômico, a gasolina  vendida no Brasil a US$ 1,30 por litro (considerando câmbio de R$ 3,3 e preço médio de R$ 4,28). No ranking dos maiores produtores de petróleo, só não é mais cara que o combustível vendido na Noruega.

Em nota divulgada,  a companhia defende que foi responsável por apenas um sexto do aumento da gasolina desde outubro de 2016, quando anunciou nova política de preços.Nesta segunda(19), a gasolina é vendida pela estatal a R$ 1,5148 por litro, alta de 1,82% em relação ao preço vigente na sexta (16). Já o diesel é vendido a R$ 1,7369, aumento de 1,5%. A empresa ressalta que os valores representam uma média nacional – já que há variações entre as refinarias – e não consideram nenhum imposto. A Petrobrás alega que a divulgação dos preços, ao invés dos percentuais, pode garantir maior transparência ao mercado. Mas isso não vai deverá acontecer  na prática. O melhor fiscal é o consumidor, mas se ele não está sendo informado da melhor maneira, não tem como fiscalizar.  Ele não tem como acompanhar a variação diária nos preços. Não é da nossa cultura. Não tem hábito e tem muito mais com que se preocupar a cada dia que amanhece. A comissão de notáveis eleita pela Petrobrás para calcular diariamente a volatilidade do preço do barril de petróleo concentra-se neste assunto. O certo é passar essa volatilidade por períodos maiores.

A mudança foi anunciada no mesmo dia em que o governo acusou supostos cartéis por manipular os preços nas bombas. De acordo com a nota, o preço da gasolina nas bombas subiu R$ 0,54 por litro no período, passando de R$ 3,69 para R$ 4,23 por litro. No caso do diesel, o aumento nas bombas no período foi de R$ 0,35 por litro (de R$ 3,05 para R$ 3,40). Nas refinarias, o preço subiu R$ 0,12, segundo a estatal, o equivalente a um terço da alta. O principal impacto nas bombas neste período foi provocado por aumento nas alíquotas de PIS/Cofins no final de julho de 2016. Apenas naquele momento, os preços da gasolina subiram R$ 0,41 e R$ 0,21 por litro, respectivamente.  A alta nas refinarias foi de R$ 0,09.

Via PetroNotícias