Ato na Rlam conclama petroleiros a reagirem à privatização da Petrobrás com grande greve nacional

As delegações de petroleiros e petroleiras de vários estados do país que se encontram em Salvador para o XVII Congresso Nacional da FUP (Confup) participaram na manhã desta quinta-feira, 03, de um grande ato na Refinaria Landulpho Alves (Rlam), em Mataripe, que mobilizou por quase três horas cerca de dois mil trabalhadores próprios e terceirizados. Organizada pelo Sindipetro Bahia, a manifestação denunciou a privatização em curso no Sistema Petrobrás, cujos impactos vão além dos petroleiros e já afetam todo o povo brasileiro, com desemprego em massa e o desmonte da indústria nacional. O ato teve início às 06h30, com participação de dirigentes da FUP e de todos os sindicatos filiados, além da CUT, CTB e movimentos sociais, como o MAB, MPA, Levante da Juventude, Marcha Mundial das Mulheres, entre outros.  

Deyvid Bacellar, coordenador do Sindipetro anfitrião dos petroleiros neste XVII Confup, lembrou que foi no estado da Bahia que começou a extração de petróleo no Brasil e as atividades de refino da Petrobrás, bem como a primeira organização sindical petroleira do país. “Agora, eles querem desmontar todo o Sistema Petrobrás aqui na Bahia”, afirmou. Ele também lembrou que, desde 2015, a FUP e seus sindicatos vêm denunciando os planos de negócio e gestão da Petrobrás focados para a rentabilidade do acionista e a privatização da empresa. “Infelizmente, uma parcela da categoria não acreditou que isso seria possível, mas agora somos bombardeados com diversas vendas de ativos”, destacou Deyvid, afirmando que não há outra alternativa para os trabalhadores a não ser reagir. “Não podemos mais nos permitir a ficar em cima do muro, com dúvidas. Só com uma grande greve nacional vamos barrar a privatização da Petrobrás e para isso precisamos ter o apoio da sociedade brasileira, denunciando o que estão fazendo com a nossa empresa”, declarou.

O petroleiro paranaense Roni Barbosa, secretário nacional de comunicação da CUT, destacou em sua fala que o desmonte da Petrobrás faz parte do golpe, assim como as reformas que retiram direitos dos trabalhadores. Ele ressaltou que as pesquisas encomendadas pela Central apontam que mais de 90% da população brasileira é contrária à permanência de Temer, rejeita a reforma trabalhista e é contra a entrega da previdência pública aos bancos.  “Mas as manifestações de rua não têm refletido essa insatisfação”, lamentou Roni, afirmando que os trabalhadores precisam reagir. “Nós precisamos infernizar a vida desses golpistas que querem  tirar nossos direitos. Vamos tirar o sossego deles”, conclamou o sindicalista.

A representante da Marcha Mundial das Mulheres, Júlia Garcia, lembrou a importância da campanha “O petróleo é nosso”, que garantiu a criação da Petrobrás e afirmou que estar presente ao ato dos petroleiros é uma questão de sobrevivência para “resgatar o projeto de desenvolvimento nacional”, o que só será possível com “a força mobilizadora de todos os trabalhadores e trabalhadoras”. Ela destacou a importância da plataforma operária e camponesa de energia como uma ferramenta fundamental de luta na construção de um projeto comum de desenvolvimento nacional que garanta a soberania dos recursos naturais.

O diretor da FUP e da CTB, Divanilton Pereira, ressaltou que o ataque dos golpistas não é só contra os ativos do Sistema Petrobrás, mas sim “a toda a cadeia produtiva do petróleo, pois é parte integrante do desmonte do projeto de desenvolvimento nacional que estava em curso no país”. Ele afirmou que o enfrentamento a esses ataques não pode ser feito somente corporativamente, mas envolvendo vários atores que foram atingidos pelo desmonte do setor de óleo e gás. “Nós precisamos dialogar com todos os setores, com as empresas nacionais, com a indústria naval, com a ciência e tecnologia, com as universidades, centros de pesquisa, intelectuais, para que abracem conjuntamente a nossa causa”, destacou o dirigente.

O coordenador da FUP, José Maria Rangel, denunciou as relações mais que suspeitas do presidente da Petrobrás, Pedro Parente, com o mercado financeiro e as empresas privadas que estão sendo diretamente beneficiadas pela privatização da empresa. Além de sócio fundador do grupo Prada – consultoria financeira gerida por sua esposa, que tem como missão maximizar os investimentos das famílias mais ricas do país – Parente tem relações estreitas com empresas importadoras de combustíveis.  

“Por que será que ele (Pedro Parente) foi colocado lá (na direção da Petrobrás) para acelerar a privatização da empresa? Por que será que o país tinha 50 empresas que importavam derivados e hoje temos mais de 200 e as nossas refinarias estão com a carga reduzida. E uma das empresas que tem mais bombado na importação de derivados é a Glencore, que está em processo de fusão com o grupo Bunge, que já foi presidida por Parente”, revelou.  “Ou a gente entende isso e define de que lado da disputa nós estamos ou todos nós vamos sucumbir”, destacou o coordenador da FUP, afirmando que a luta contra a privatização do Sistema Petrobrás tem que ser coletiva, de toda a classe trabalhadora, e que cabe aos petroleiros saírem na frente, com uma grande greve nacional. 

O ato foi encerrado com uma marcha ao som do Hino Nacional, onde as delegações de petroleiros do XVII Confup  acompanharam os trabalhadores próprios e terceirizados até as catracas de entrada para a refinaria. 

FUP