Governo da Bahia faz proposta para evitar fechamento da FAFEN, mas Petrobrás não recua

Inúmeras tentativas estão sendo feitas para evitar o fechamento das FAFEN´s Bahia e Sergipe. A luta, de tão abrangente, se tornou suprapartidária e envolve a Federação Única dos Petroleiros, os Sindipetros dos dois estados afetados, a Federação das Indústrias da Bahia, parlamentares, prefeitos e governadores.

Mas destoando e na contramão da história permanece a atual gestão da Petrobrás. Em reunião que aconteceu no dia 30/07, entre o governador da Bahia, Rui Costa, o presidente da Petrobrás, Ivan Monteiro e secretários do estado, o governo propôs a renúncia fiscal de R$ 60 milhões por ano e o compartilhamento da operação do terminal de regaseificação na Baia de Todos-os-Santos para evitar o fechamento da FAFEN Bahia.

O presidente da Petrobrás disse não. Manteve-se irredutível, reafirmando o fechamento da empresa previsto para o dia 31/10.

Nem o grande impacto econômico que se dará através da perda de receitas para o estado e diversos municípios, a desindustrialização do Polo de Camaçari e o fechamento de centenas de postos de trabalho, foram argumentos suficientes para fazer a direção da Petrobrás mudar de ideia.

Estragos em série

Com a paralisação das atividades da FAFEN-BA, 700 postos diretos de trabalho serão fechados e haverá impactos em toda cadeia produtiva do setor, o que pode aumentar esse número. Os produtos da Fábrica são utilizados como matéria-prima em outras empresas do Polo Petroquímico de Camaçari. A amônia é necessária para a produção da Oxiteno, Acrinor, Proquigel, IPC do Nordeste e PVC; já a ureia é utilizada na Heringer, Fertpar, Yara, Masaic, Cibrafertil, Usiquímica e Adubos Araguaia; o gás carbônico, na Carbonor, IPC e White Martins.

No caso da Carbonor, o impacto será ainda maior. Única detentora de tecnologia de produção de bicarbonato de sódio para uso farmacêutico e em especial para hemodiálise no Brasil, atendendo também a outros países na América do Sul, a empresa terá sua produção seriamente afetada.

 A direção da Carbonor já alertou que o fechamento da FAFEN vai prejudicar milhares de pacientes com problemas renais e que necessitam da hemodiálise para sobreviver.

 Objetivo é o desmonte

 A Petrobrás anunciou na sexta-feira (03/08) um lucro líquido de R$ 17 bilhões no primeiro semestre deste ano. Apesar da FAFEN Bahia, segundo a Petrobrás, ter apresentado prejuízo de R$ 200 milhões, é possível concluir que parte desse lucro se deve justamente ao preço do gás natural que a Petrobrás cobra das FAFEN’s, quase quatro vezes o valor do gás que é vendido pelo mercado nos EUA que foi de US$ 2,85/MMBTU (Henry Hub) na cotação da última sexta-feira (03/08/2018).

A FAFEN-BA consumiu, nos primeiros 180 dias deste ano, aproximadamente 207 milhões de metros cúbicos de gás natural para a fabricação de amônia, ureia e CO2. Cobrados da FAFEN-BA a absurdos R$ 1.469/milM3 (US$ 11/MMBTU), a Petrobras faturou, somente da FAFEN-BA no período, R$ 304 milhões.

Isso, por sí só, já justifica a suspensão da hibernação anunciada (https://bit.ly/2AWDmoa)

Não aceitar a oferta do governo de compartilhamento do gás só prova que o objetivo da atual gestão é mesmo a entrega e o desmonte do Sistema Petrobrás.

Quer saber mais sobre o assunto?

https://bit.ly/2vpp226

https://bit.ly/2KyRpQe

https://bit.ly/2nlWMZD

 [Via Sindipetro-BA]