Com efetivo mínimo reduzido, Fafen-BA não consegue produzir há 19 dias e já afeta o abastecimento do Polo de Camaçari

A parada de manutenção da FAFEN-BA terminou dia 06 de outubro, mas até o momento não produziu um quilo de seu produto, a ureia. A fábrica também não consegue produzir amônia para abastecimento do Polo Petroquímico e já afeta os clientes. As razões são a redução do efetivo mínimo de trabalhadores e uma parada de manutenção desastrada.

A unidade de fertilizantes da Petrobrás na Bahia parou para manutenção em 16 de setembro, com a promessa de que seria concluída em 04 de outubro e estaria produzindo em 06 de outubro, mas até agora só produziu acidentes. Ao todo, são 39 dias sem produzir um só grão de ureia.

A redução do efetivo mínimo de trabalhadores prometida pelos gestores da FAFEN-BA à alta direção da Petrobras provocou uma enxurrada de desvios de procedimentos para viabilizar a promessa, a começar pela forma com que os contratos da parada foram feitos.

A parada de manutenção da FAFEN-BA não seguiu o fluxo das Ordens de Manutenção como deveria ser, tendo os gestores optado pelo Diagrama de Rede de difícil rastreamento de custo. A alegação da FAFEN-BA é que o Diagrama facilitaria as liberações de serviço (Permissão para Trabalho), mas com prejuízo claro à segurança dos trabalhadores. Não é por menos que a unidade acumulou 3 acidentes durante a parada – saiba mais– e um quarto acidente durante as tentativas desastradas de partida da planta de amônia, produto intermediário na produção de ureia. Este último acidente tem íntima relação com o O&M, já que o acidentado, supervisor de operações, foi deslocado para cobrir uma área afetada pela redução de trabalhadores, acumulando ambas as funções.

Nem a ordem para que os trabalhadores descumprissem os procedimentos de PT, Gestão de Mudança e Análise de Risco foram suficientes para conduzir a parada de manutenção da forma correta.

Acreditaram que sem a CIPA a parada fluiria melhor. Agiram contra a Lei, contra o Acordo Coletivo de Trabalho e contra a segurança dos trabalhadores. Os acidentes estão sendo tratados por uma equipe criada por DIP, sem eleição, como manda a Norma Regulamentadora nº 5.

REDUÇÃO DO EFETIVO MÍNIMO É CRIME

A direção do Sindipetro recebeu informação de que houve um princípio de incêndio de gás combustível da caldeira auxiliar 101-BA, evento grave que deveria ser tratado para a segurança das instalações da Petrobrás e dos trabalhadores; em outro evento, a bomba 101/105JLOSM entrou em operação indevidamente, vazando óleo pressurizado a 15bar por toda a planta, com risco de atingir trabalhadores que realizavam serviço nas tubulações da bomba; Em outro incidente, foi realizada gamagrafia em espaço confinado, sem observador, descumprindo a Norma Regulamentadora nº 33.

Com a redução do efetivo mínimo, os gestores e CTO`s estão assediando diariamente os trabalhadores a darem apoio para tentar viabilizar a partida da unidade, ligando para as casas, mandando transporte para a porta do trabalhador na madrugada, impedindo a saída dos trabalhadores esgotados.

Talvez o diretor de Refino e Gás Natural da Petrobrás, Jorge Celestino, não saiba ou não queira saber que a gestão da FAFEN-BA tenta passar a impressão de que está tudo bem, que o atraso na produção de fertilizante é peculiaridade das plantas de amônia, mas não é o caso. Os gerentes estão desesperados com a falta de rumo, característica do despreparo. Já foram vistos em bate-boca na sala de controle, os CTO`s não se entendem, os gerentes e engenheiros não falam a mesma língua. No fim de tudo, a FAFEN-BA segue em prejuízo financeiro e moral e os trabalhadores inseguros das ordens que recebem dos superiores.

Chegam ao ponto de retirar sumariamente equipamentos em estado precário da lista de manutenção da parada para agilizar a conclusão, gerando risco futuro. Durante as tentativas de operação da planta, vários vazamentos têm aparecido, o que mostra as falhas mais básicas na condução da parada de manutenção.

Nada substituirá os postos de trabalho retirados pelos gestores da FAFEN-BA. Nem o Diagrama de Rede, nem a CIPA criada por DIP, nem o descumprimento de procedimentos de segurança, nem a subnotificação de acidentes de processo, nem o assédio aos trabalhadores, nem o bate-boca entre CTO`s, gerentes e engenheiros.

Os postos de trabalho precisam ser devolvidos aos trabalhadores, porque redução do efetivo mínimo é crime contra o trabalhador, contra o meio ambiente e contra o patrimônio da Petrobrás.

Os trabalhadores não são responsáveis pelo caos que se instalou na FAFEN-BA. Essa condição de efetivo reduzido foi imposta pela gerência da Petrobrás e a força de trabalho não pode pagar com seu esgotamento físico ou com a própria vida.

A direção do Sindipetro Bahia pede aos trabalhadores que procurem agir dentro das normas da Petrobrás e das Regras de Ouro, qualquer assédio para o descumprimento do que é legal é abuso.

Fonte: Sindipetro Bahia