Reparação

FUP aguarda nova proposta para retorno dos demitidos da Fafen-PR

Próxima rodada de negociação é nesta terça, à tarde. Na sexta-feira, a Petrobrás chegou a apresentar o esboço de um modelo de contratação, que foi rejeitado pelas lideranças sindicais

[Da imprensa da FUP]

A FUP e o Sindiquímica Paraná têm nova rodada de negociação coma a Petrobrás e a Araucária Nitrogenados (ANSA) nesta terça-feira, 30, para definir o modelo de contratação dos ex-empregados da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen-PR), que aguardam ansiosamente o retorno à empresa, após a traumática demissão em massa ocorrida há 4 anos, durante o fechamento da unidade.

Na última reunião com os representantes sindicais, ocorrida sexta-feira, 26, a Petrobrás chegou a apresentar o esboço de um modelo de contratação, que foi refutado em mesa pela FUP e pelo Sindiquímica, que consideram a proposta muito aquém do modelo de Acordo Coletivo celebrado anteriormente com a ANSA.

Os dirigentes da FUP reiteraram que o contrato de trabalho deve retomar os direitos básicos que eram praticados anteriormente, além de garantir que a recontratação dos empregados seja por tempo indeterminado.

A categoria, portanto, espera que a Petrobrás apresente uma nova proposta nesta terça, dentro dos parâmetros básicos que foram apresentados pelas lideranças sindicais.

Canto da sereia?

A FUP enfatizou que o retorno da Petrobrás ao setor de fertilizantes deve ser como protagonista e não de parceira de empresas privadas, como tem sido ventilado no mercado. “Não vamos cair no canto da sereia e na minha terra a sereia se chama Iara”, provocou Paulo Neves, diretor da FUP e do Sindipetro Amazonas, fazendo um trocadilho entre a lenda amazonense e a empresa norueguesa Yara, que vem buscando sociedade com a Petrobrás no setor de fertilizantes.

“Após meses de negociações e muita pressão dos trabalhadores, pequenos avanços puderam ser notados na retomada da Petrobrás ao setor de fertilizantes. Avanços tímidos, mas importantes. No entanto, precisamos estar atentos às movimentações de bastidores, pois há interesses fortes de alguns gestores da empresa em armar a cama para a iniciativa privada se deitar”, alerta o sindicalista Albérico Queiroz, que representa a FUP no Grupo de Trabalho da Petrobrás que está discutindo a retomada do setor de fertilizantes.

Ele lembra que, com a guerra no Leste Europeu e a demanda pela transição energética, a disponibilidade de gás natural vem ficando cada vez mais escassa na região. “A tendência é que, naturalmente, a prioridade no Norte Global seja pela geração de energia elétrica e aquecimento”, explica Albérico. Ele ressalta que a China já vem reduzindo a produção de nitrogenados em função da mudança da matriz energética do carvão para o de gás natural.

“Mais do que nunca, o Brasil precisa de autonomia sobre a produção nacional de fertilizantes nitrogenados”, afirma, lembrando que o período de maior consumo desses insumos no hemisfério norte é agora, na primavera e verão, enquanto que no Brasil e nos demais países do sul, é no segundo semestre.

“Não teremos a oportunidade de gerenciar nossas reservas para garantir o abastecimento nacional, se continuarmos sendo uma colônia de exploração e com nossa autonomia sob a tutela dos colonizadores. Esse é um risco que não precisamos correr”, enfatiza o dirigente sindical, reforçando que a Petrobrás tem diversos trabalhadores experientes na produção de fertilizantes e desejosos de construir um setor sólido, competitivo e duradouro.

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