Trabalhadores de P-51 fazem greve de fome em protesto contra condições de alimentação a bordo

Sindipetro NF

O sindicato recebeu nesta segunda, 25, manifesto dos trabalhadores de P-51 relatando a degradação das condições de alimentação a bordo. Os trabalhadores estão protestando com greve de fome, durante o dia de hoje, e pretendem repetir a greve até serem atendidos.
O sindicato está cobrando da Petrobras um posicionamento sobre a alimentação. Esta tem sido uma das reclamações mais comuns em diversas plataformas da Bacia de Campos, e não está sendo tratada adequadamente pela Petrobrás.
Também foram recebidas reclamações de diversos trabalhadores sobre alimentação precária em P-40.

Leia o Manifesto de P-51

Nós trabalhadores da plataforma P-51, viemos por meio deste manifesto expressar a insatisfação no modo como está sendo conduzido pela gerência de SMS nosso contrato de alimentação e hotelaria. Está sendo imposta uma série de mudanças na quantidade, qualidade e forma de preparo dos alimentos, que está gerando insatisfação de todos os trabalhadores desta plataforma.

Temos visto que a cada dia a qualidade de nossa alimentação está piorando, não estão sendo servidos frios; as frutas foram reduzidas em quantidade e qualidade (fora do ponto de maturação adequada para consumo). Foram retirados os pontos de frigobar (fora do refeitório) que tínhamos na plataforma e que facilitava ao acesso a frutas. Foram retiradas as garrafas de água mineral de 500ml, com isso o colaborador que não puder se ausentar de sua área de trabalho ficará sem consumir este alimento que é de grande importância ao corpo humano. Este tipo de alteração sinaliza para nós, como os elaboradores do contrato de hotelaria desconhecem nossas condições de
trabalho, informamos a estes que nas áreas de produção não temos bebedouros.

Com relação a lazer, o vídeo-game e filmes fornecidos pela hotelaria eram utilizados diariamente e eram as principais formas de lazer a bordo, principalmente dos colaboradores contratados que não tem acesso a internet corporativa e utilizam apenas a internet recreativa que é lenta e de tamanho reduzido para atender a todos. O que será feito como opção de lazer? O churrasco de meio de semana que era mais bate-papo/diversão do que comilança (como as pessoas que não embarcam acham), era a única confraternização que tínhamos a bordo que unia colaboradores contratados e próprios, também foi extinto sem nenhuma explicação, nem as nutricionistas que embarcam conseguem explicar o motivo. O embarque é um período complicado, em que vivemos confinados, longe da família e que a nosso ver deveríamos ter mais opções de lazer, mas o que parece é que na visão da empresa, isso não tem a menor importância. A internet com tempo limitado dificulta ainda mais a situação, essa imposição é facilmente absorvida pelos trabalhadores de terra, pois através de seus tablets e celulares podem acessar o que quiser e da forma que quiser, pois a empresa não tem controle sobre isso. A empresa dá um passo pra frente liberando o acesso as redes sociais e dá dois para trás limitando o tempo de uso. Aí vem a pergunta, como podemos ter vida saudável a bordo sem lazer?

O horário do café/lanche da tarde, que é para a maioria dos funcionários do turno da noite a primeira refeição do dia foi reduzido a refrescos/sucos, cafés, dois tipos de biscoitos e três tipos de frutas. As frutas servidas neste horário são de baixa qualidade e em pouca quantidade, foram cortados também os cereais, ameixas e castanha do Pará (estes últimos são sempre indicados por nutricionistas). Em todos os bate-papos com nutricionistas somos orientados a fazer um bom “café da manhã”. Como podemos fazer uma boa refeição sem opção de bons alimentos?

Todas as mudanças até agora implantadas estão sendo impostas aos funcionários, com a justificativa de prevenção à saúde. Achamos rigorosas demais as alterações na forma do preparo, como por exemplo, a retirada de todo e qualquer alimento frito. Por que não preparar uma carne frita e deixar como opção outra cozida ou assada? Por que não podemos usar do livre arbítrio nas escolhas de nossos alimentos? Por que ao invés de impor, não se faz um programa de alimentação saudável? Nunca tivemos uma campanha ou se quer uma palestra sobre alimentação saudável a bordo. Se a saúde do empregado é realmente importante, por que não é feito investimento em
equipamento de academia e não torna fixo o embarque do preparador físico? (O exemplo mais claro de que não há uma real preocupação com a saúde do empregado, é a plataforma P-55, que saiu do estaleiro com apenas uma esteira em sua academia).

Nós empregados da P-51 aceitamos ser orientados, mais entendemos que não cabe a empresa tutelar os seus empregados. Podemos ser cobrados pelas responsabilidades dos nossos atos mais entendemos que cabe a cada um de nós decidirmos o que queremos comer de acordo com as nossas convicções pessoais e religiosas. Queremos ter garantido o nosso direito a igualdade de tratamento e isonomia com os empregados de terra, que podem escolher o qu comer na forma e quantidade que desejar. Da maneira como a Petrobras está agindo entendemos que ela está violando a nossa liberdade individual. A constituição assegura em seu Art. 5º que trata dos direitos e deveres
individuais, que: “Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da lei”. Desta forma solicitamos que esta imposição autoritária do tipo de alimentação que nos está sendo imposta cesse imediatamente.

Solicitamos que os gestores e elaboradores do contrato de hotelaria venham a bordo da P-51 para que vejam o que se passa aqui realmente. Onde anda o serviço social da empresa que nunca embarca, não conhece as dificuldades dos empregados embarcados? Queremos a gerência de SMS participando ativamente a bordo na nossa unidade, para uma real melhoria das condições a bordo, pois
embarcar contratados que não respondem por nada não adianta.

O fator mais importante para a imagem de uma empresa é a satisfação de seus empregados. Aqui ouvimos de um dos GEPLAT que, quem não estiver satisfeito é só falar que será providenciado o seu desembarque. Essa é a postura da empresa?

Hoje 25 de novembro de 2013, estamos fazemos uma “greve de fome”, onde ficaremos sem almoçar e jantar. Durante a semana estaremos nos reunindo para agendar as próximas, até que sejamos ouvidos.

Pedimos à Ouvidoria Geral desta empresa, que é a maior empresa do país e uma das dez maiores do mundo, um tratamento adequado para esta situação, pois está se criando uma condição de trabalho e vivência insuportável a bordo, não podemos ser tratados como pessoas irresponsáveis que não se preocupam com sua própria saúde.

Pedimos ao Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense que nos ajude nesta luta e que os companheiros de outras unidades briguem juntos essa batalha.