Sindicato lança manifesto contra ataques à Petrobrás

Sindipetro SP

Em defesa da Petrobrás, que vem sendo alvo de ataques da mídia partidarizada, na tentativa de desgastar a imagem da estatal, o Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo (Sindipetro-SP) lança um manifesto dos trabalhadores petroleiros.

“Nós repudiamos a postura da mídia conservadora, que manipula e distorce informações para tentar confundir a população brasileira, atacando a maior empresa estatal da América Latina, por causa de interesses eleitoreiros, econômicos e privatistas”, argumentou a direção do Sindicato.

Confira a íntegra do manifesto:

Manifesto dos petroleiros contra o ataque midiático à Petrobrás

Nós, petroleiras e petroleiros, manifestamos nosso profundo repúdio aos ataques à Petrobrás com interesses eleitorais, econômicos e privatistas.

Já passamos por vários momentos como este e sabemos quais interesses, de fato, estão em jogo.

A Petrobrás e o monopólio estatal só foram estabelecidos após anos de luta popular do “Petróleo é Nosso”, em 1953 – quando a campanha foi lançada com apoio de Monteiro Lobato –, período em que as elites brasileiras e a mídia diziam que não havia petróleo no Brasil.

Em 1963, os petroleiros da extinta Refinaria União, em Capuava, realizaram uma greve e uma das bandeiras era a encampação das refinarias privadas pela Petrobrás, compromisso assumido pelo presidente Jango e cumprido com a assinatura de seu último decreto, no dia 13 de março. O decreto, aliás, foi o primeiro a ser revogado quando os militares assumiram o poder, em 64.

Em 1983, ao realizar empréstimos para o governo militar, o FMI exigiu cortes de verbas para as estatais, entre outros arrochos. Indignados, os petroleiros de Campinas e da Bahia, junto com os metalúrgicos do ABC e os metroviários de São Paulo, entraram em greve em plena ditadura militar e todos foram cassados. O movimento culminou com a criação da CUT.

Durante todos os anos da ditadura, a mídia e as elites brasileiras ajudaram o regime que prendeu, torturou e matou centenas de brasileiros.

Nos anos 90, Collor foi eleito presidente do país com forte apoio da mídia, principalmente da rede Globo, emplacando o discurso de “caça aos marajás”, referindo-se aos trabalhadores das empresas estatais.

Logo no início de seu governo, Collor colocou em prática o Plano Nacional de Desestatização, que entregou à iniciativa privada a Usiminas, CSN, Cosipa, Petroflex e mais 29 empresas. Como um presidente que roubou, deliberadamente, o povo brasileiro tem a cara de pau de chamar o trabalhador de “marajá”?

Collor privatizou subsidiárias da Petrobrás e, logo depois, o governo neoliberal de FHC fatiou a empresa – a Transpetro é origem desse processo

– e tentou mudar seu nome para Petrobrax, a fim de facilitar sua venda, agradando interesses estrangeiros.

Graças à força da categoria, que lutou bravamente numa greve que durou mais de 30 dias, o governo não conseguiu vender a Petrobrás, mas iniciou-se, a partir daí, um processo de sucateamento, cortando as contratações e reduzindo drasticamente o investimento em manutenção. Como consequência, em março de 2001, a plataforma P-36 afundou, o que custou a vida de 11 trabalhadores.

Apesar da tragédia e da falta de investimentos, a grande mídia brasileira manteve seu apoio ao projeto que ia contra o interesse dos trabalhadores e do povo brasileiro.

A coragem dessa categoria impediu a privatização total, porém quebrou-se o monopólio estatal do petróleo e a Petrobrás passou a ser uma empresa de capital misto, com controle majoritário do Estado, intensificando a terceirização e iniciando os leilões de blocos de petróleo, que transferem para o capital privado as riquezas do país.

Com a descoberta do pré-sal, o governo implementou o Regime de Partilha, garantindo a participação mínima de 30% da Petrobrás e exclusividade da operação do pré-sal. Mesmo com avanços, a lógica da parceria pública privada se manteve e, por isso, em 2013, não nos calamos diante da entrega do campo de Libra, realizando mais uma greve para denunciar esse retrocesso do governo.

Em todos esses momentos, os petroleiros e diversos outros movimentos sociais foram à luta, enquanto a mídia e as elites do país defendiam, e continuam defendendo, os interesses dos capitalistas internacionais.

Em relação à refinaria de Pasadena, cuja mídia criou uma grande polêmica com inúmeras informações distorcidas a fim de confundir a população brasileira, mais uma vez, as elites e a imprensa agem na tentativa de desgastar a imagem do governo e desqualificar a eficiência da Petrobrás, defendendo seus interesses de privatização.

Os meios de comunicação, de forma coordenada, omitem da sociedade informações importantes e fundamentais para a compreensão desse caso:

•        A Astra Oil absorveu dívidas existentes da Crown, ex-proprietária

da refinaria de Pasadena, e após a compra investiu pesadamente na refinaria;

•        O valor pago pela Petrobrás inclui o volume de petróleo estocado

na refinaria;

•        De acordo com a capacidade de refino de Pasadena, o preço pago

pela Petrobrás, em 2006, foi abaixo do mercado;

•        Não se considera que, em 2006, o mercado nacional estava

estagnado e exportávamos petróleo bruto, portanto, a refinaria situada no maior mercado consumidor do mundo era uma oportunidade de vender os produtos com maior valor agregado;

•        A compra ocorreu dois anos antes da crise internacional de 2008,

considerada a maior crise do sistema capitalista após a quebra da bolsa de Nova Iorque, em 29, o que mudou, mundialmente, todo o cenário econômico;

•        A operação do pré-sal, em 2008, diante do novo cenário econômico

de crise internacional muda, totalmente, a política estratégica da Petrobrás;

•        Em resposta à crise, o governo brasileiro lança o pacote de

redução do IPI, que culminou no aumento da frota de veículos e consumo de combustíveis, o que exigiu a ampliação do parque de refino, em processo de implantação.

A imprensa faz parecer que a Petrobrás está falindo e precisa ser salva, mas não informa que só no ano passado a empresa teve um lucro de R$ 23 bilhões e que, de 2002 para 2012, o valor de mercado da Petrobrás passou de R$ 30 bilhões para R$ 260 bilhões e que sua receita saltou de R$ 69,2 bilhões para R$ 281,3 bilhões.

A Petrobrás terminou o ano de 2002 com 36 mil trabalhadores próprios, produzindo 1,5 milhões de barris de petróleo por dia, com uma reserva provada de 11 bilhões de barris. Em 2012, o número cresceu para 85 mil trabalhadores, com uma produção de 2 milhões de barris/dia e reserva de

15,7 bilhões de barris.

Entre 2014 e 2018 serão investidos US$ 220 bilhões. A perspectiva para 2020 é que nossa produção ultrapasse os 4 milhões de barris/dia e o Brasil estará entre os cinco maiores produtores de petróleo do mundo! É esse recurso que está em disputa. Não é coincidência que, após a espionagem americana ao México e Brasil, aconteceram a quebra do monopólio estatal mexicano, a crise política na Venezuela e os ataques à Petrobrás.

Nós, petroleiros e petroleiras, não somos contrários à investigação das irregularidades. Defendemos que todo o processo seja transparente e que as verdades sejam divulgadas. Não admitimos, entretanto, que esse processo coloque em risco os avanços que nós, trabalhadores e a população, conquistamos nos últimos 10 anos.

Nossa luta é classista, em busca de um projeto democrático e popular e se contrapõe ao capital privado e à presença de empresas estrangeiras, dominando setores estratégicos de nosso país.

Defendemos também a democratização da mídia, já que o controle dos meios de comunicação está concentrado nas mãos de poucas famílias, que manipulam a opinião do povo brasileiro de acordo com interesses particulares.

Nossa defesa é pela soberania do Estado brasileiro!