Mais Acidentes na RLAM. Até quando?

Em apenas cinco dias e durante a semana santa (entre os dias 4 e 9 de abril) uma série de acidentes ocorreram na RLAM, o que revela o grau de insegurança existente no ambiente de trabalho, confirma todas as denúncias já feitas pelo Sindipetro Bahia e que foram constatadas in loco recentemente na visita feita pela Comissão Nacional Permanente do Benzeno\CNPBz. Acompanhe os fatos.
 
Explosão de turbina
 
Na quarta (4), logo após o horário do almoço (13h30) explodiu uma turbina que aciona a bomba J-5003B, na Unidade 17C/50/73, conhecida como “Turbina do Rio’, na refinaria Landulpho Alves\Mataripe.
Ela faz o bombeamento de água salgada para o sistema de hidrantes da refinaria. Segundo dirigentes do Sindipetro Bahia, tudo começou com um ruído forte, seguido de um pequeno incêndio. Não houve uma tragédia, segundo relatos dos trabalhadores de turno, porque o operador usou da experiência e teve o discernimento de bloquear o vapor no limite de bateria, e não na válvula de admissão de vapor da turbina. Com essa operação ele evitou que a explosão da turbina causasse morte no local de trabalho.
 
A explosão se deu exatamente no momento em que ele iniciou o bloqueio do vapor. Mesmo assim, um pedaço de aço retorcido, pesando em torno de dois quilos, caiu aproximadamente a um metro e meio do operador.
 
A direção do Sindipetro Bahia já fez vários alertas de que a Refinaria de Mataripe é uma unidade antiga, com equipamentos velhos e desgastados, que necessitam de acompanhamento preventivo na sua manutenção. Recente visita da Comissão Nacional Permanente do Benzeno (CNPBz) à RLAM confirmou estes fatos.
 
Segundo dirigentes sindicais, “há uma política de redução de custos desenfreada, com falta de peças de reposição em estoque, o que faz com que equipamentos operem em precárias condições, quando deveriam estar na manutenção. Quando determinados equipamentos não oferecerem condições seguras de operação, a produção tem que ser evitada, pois não há lucro que pague uma vida”.
A orientação do sindicato é no sentido de que os trabalhadores denunciem qualquer equipamento ou manobra que coloque em risco a saúde  e a vida. A palavra de ordem do Sindipetro Bahia é o uso do direito de recusa, um direito que consta no acordo coletivo assinado com a Petrobras.
 
ACIDENTE REVELA DESCASO
 
Além da explosão na turbina da J-5003 B, fato que além de danificar a própria turbina causou danos também à bomba, nesse exato momento estava estacionada nas proximidades da U-13 uma kombi de placa JSL 1895, da Tecnosonda, conduzida pelo encarregado de obras Gilberto dos Santos.O carro foi atingido por pedaço da turbina.
 
A explosão causou ainda uma queda brusca na pressão da rede de Água de Combate a Emergências (RACE). Foi necessário solicitar a todos os setores que suspendessem os serviços a quente.
A gerência de Águas e Efluentes (AE) tentou colocar em operação a J-5003 C, porém esta não deu vazão, então optou-se por colocar a J-17C85 A. Ou seja, mais uma bomba da RACE com problemas.
 
INCÊNDIO NO FORNO B-601 
(7/4/)
 
No sábado, por volta das 22h, outro acidente: um furo na chapa do forno da unidade 6 (B-601), devido ao desmoronamento do refratário seguido por incêndio de grandes proporções no forno B-601 da Unidade 6, que estava em processo de partida após uma rápida parada de manutenção sem a devida intervenção em equipamentos críticos. Segundo a Segurança Industrial (SI), o combate a esse incêndio durou mais de uma hora com um efetivo mínimo da SI reduzido para 5 pessoas. A situação só foi controlada com a retirada da unidade de operação e uso de vapor.
VAZAMENTO DE NAFTA
(9/4/)
Nesta segunda, por volta das 14h10, houve um vazamento de nafta leve com mais de 1% de benzeno na corrente pelo LT-7A52 na U-7A, após uma intervenção da manutenção em um vaso de nafta que estava fora de operação.
 
Caso esse vaso estivesse em operação, a nafta vazada estaria com mais de 150 graus de temperatura e, com certeza, entraria em combustão, atingindo os trabalhadores que estavam no local. Segundo a SI, foi deslocada a VCI-3 com apoio dos Técnicos de Segurança do Administrativo, devido a redução do já baixo efetivo mínimo do turno.
A área foi isolada e monitorada pela empresa terceirizada da Higiene Ocupacional (GAIA). Também foi lançada espuma nas canaletas, porém somente após manobras operacionais conseguiram conter o vazamento às 14h50. Foi necessária a convocação parcial da Brigada (CB/DE e TEU/TE). Devido a gravidade da ocorrência, o setor médico fez coleta de urina das pessoas envolvidas.
QUEIMADURA QUÍMICA NA U-120
(9/4/)
Também nesta segunda houve um grave acidente com lesão de um trabalhador terceirizado (queimadura química com fenol de segundo grau na U-120. Por volta das 15h15, o soldador Hermenegildo dos Santos (Potencial) fazia vistoria em serviço de solda, na linha de sucção da J-1209, quando caiu pingos de fenol em seu braço direito (ombro). Ele foi atendido na SO e encaminhado para o CMH de Candeias.