Sindicato realiza seminário sobre assédio moral no ambiente de trabalho, neste sábado, 14

FUP

O Núcleo de Combate ao Assédio Moral e Sexual (NUCAM) do Sindipetro Bahia realiza neste sábado, 14, o seminário Assédio Moral no Ambiente de Trabalho – Saúde e Aspectos Legais. Dirigentes sindicais, pesquisadores, procuradores, advogados e especialistas irão discutir as consequências do assédio na vida dos trabalhadores e de suas famílias, bem como os reflexos desse tipo de violência na sociedade. Durante o debate, haverá a avaliação de casos ocorridos no local de trabalho, em diversas unidades da Petrobrás.

O evento conta com a participação de Margarida Barreto, doutora em Psicologia PUC/SP, Médica do Trabalho, Professora e Pesquisadora PUC/SP e  FCM Santa Casa de Misericórdia/SP; André Aguiar,  graduado em Administração (UESB), mestre em Administração Estratégica (UNIFACS), e doutorando em Ciências Sociais (UFBA). E ainda da Procuradora do Ministério Público do Trabalho, Rosangela Lacerda, e do advogado do Sindipetro Bahia, Clériston Bulhões.

o Seminário será no auditório do Hotel Vila Velha, que fica no Corredor da Vitória, das 8h às 14h.

Abaixo, confira a entrevista que a professora aposentada da UFBA e integrante do Conselho Estadual de Educação, Alda Pepe, concedeu ao Programa Diálogo 7, do Sindipetro BA, onde ela afirma que  cerca de 40% da população economicamente ativa já sofreu assédio no trabalho.

Como identificar essa situação, o que fazer quando isso acontece?

Fala a professora Alda Pepe – o assédio moral pode ser definido como uma ação perversa e atinge diretamente a dignidade do sujeito. Uma ação que tem como objetivo desqualificar a pessoa, humilhar, tornar o humilhado um sujeito menor do que o que está praticando. Normalmente a intenção é essa. É criar uma situação em que o sujeito aceite de fato que ele merece aquele tratamento. É um tratamento perverso, que produz dores, inicialmente na alma, e outras psicológicas. Mostra que o sujeito está sofrendo uma injustiça, ele sente isso, está sendo tratado de forma diferente do que os normais e com isso ele sofre. É uma jornada de sofrimento para aquele que sofre um assédio moral.

Esse assédio, quando consideramos ele, ele tem que ser repetido para ser. Tem que ter objetivo e objeto. O objeto é o sujeito que está sendo assediado e o objetivo é torná-lo, de fato, um sujeito que deve ser eliminado, o sujeito pode até acreditar que ele deve ser eliminado daquele espaço.

As consequências são muito graves. Começa pelas dores da alma, você se sente muito ruim. Você sofre também uma dor psicológica, mas depois ele se torna mesmo em dores físicas, você somatiza toda essa situação. O assédio moral é um agravo à saúde bio e psicossocial, portanto, ele começa por esse mal estar social, o mal estar interior do sujeito e depois se torna também um mal estar orgânico. Ele terá gastrite, hipertensão… As formas são muitas de tipos de sofrimentos expressos, mas o objetivo do assediador é que isso realmente aconteça.

Em alguns casos o sujeito pode até perder a família. O que ele sofre nesse ambiente de trabalho ele leva pra casa e será um sujeito de ações perversas. Ele não assume o que acontece no trabalho por medo de perder o emprego, quando a família precisa do emprego. Além disso, ele não quer assumir que está descontando esse assédio em família. De qualquer sorte, a pessoa se torna difícil, perversa, e acaba perdendo também a saúde familiar.

Sobre o assédio vertical –  é o que vem do chefe para o subordinado. É o mais comum, mas existe também o horizontal, o que significa que s outros colegas assediam um colega. E o assédio em ascensão, quando um grupo de subordinados, ou apenas 1, se organiza para boicotar o que recebeu de ordem e solicitação daquele que está hierarquicamente acima… Os prazos não são cumpridos, não flui o trabalho ou ridicularizam o chefe, por ter algo diferente.

O colega de trabalho, ao perceber o assédio moral, ele pode e deve denunciar. Quase sempre os que estão assistindo tem medo de serem prejudicados ao denunciar e serem a próxima vítima. O depoimento é essencial e às vezes tem provas concretas, como ordens e contraordens escritas, descabidas… Como um trabalho que estava quase concreto e o chefe manda um comunicado avisando que não precisa mais…já não temos mais tempo, você nunca faz nada correto, você é diferente dos outros…já é suficiente para colecionar essas provas e prestar uma queixa.

Assédio moral é crime e ele naturalmente produz lesões psicológicas e físicas, o que deixa o processo dentro de um quadro descabido e criminoso.