Sindicato convoca petroleiros do NF a se mobilizarem no dia 15 contra o PL da Escravidão

Seguindo a orientação da CUT de convocar mobilizações nas bases no dia 15 de abril, contra o PL da Escravidão (4330), o Sindipetro-NF convoca toda a categoria petroleira a se manifestar.

O indicativo do sindicato é de realização de assembleias simultâneas durante todo dia 15 em todas as plataformas, com a participação de todos os trabalhadores a bordo para aprovar o manifesto que repudia a aprovação do PL da Escravidão e afirme a disposição da categoria em construir uma greve geral para barrar esse projeto.

O país não pode admitir retrocesso que rasga a CLT e eleva quase ao ilimitado as possibilidades de terceirizar e precarizar mão de obra. Por isso, nossa categoria se une aos demais trabalhadores brasileiros na luta para derrubar o mais duro golpe contra os direitos trabalhistas das últimas décadas.

O Sindipetro-NF também solicita que nas assembleias os trabalhadores afirmem o baixo efetivo e as condições de saúde e segurança.

Conheça abaixo um modelo de manifesto, que deve conter lista de assinatura. O sindicato vai disponibilizar este modelo com  lista para baixar no site.

Veja por que você deve se preocupar com a mudança:

1) Salários e benefícios devem ser cortados
O salário de trabalhadores terceirizados é 24% menor do que o dos empregados formais, segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). No setor bancário, a diferença é ainda maior: eles ganham em média um terço do salário dos contratados. Segundo o Sindicato dos Bancários de São Paulo, eles não têm participação nos lucros, auxílio-creche e jornada de seis horas.

2) Número de empregos pode cair
Terceirizados trabalham, em média, três horas a mais por semana do que contratados diretamente. Com mais gente fazendo jornadas maiores, deve cair o número de vagas em todos os setores. Se o processo fosse inverso e os terceirizados passassem a trabalhar o mesmo número de horas que os contratados, seriam criadas 882.959 novas vagas, segundo o Dieese.

3) Risco de acidente vai aumentar
Os terceirizados são os empregados que mais sofrem acidentes. Na Petrobras, mais de 80% dos mortos em serviço entre 1995 e 2013 eram subcontratados. A segurança é prejudicada porque companhias de menor porte não têm as mesmas condições tecnológicas e econômicas. Além disso, elas recebem menos cobrança para manter um padrão equivalente ao seu porte.

4) Preconceito no trabalho pode crescer
A maior ocorrência de denúncias de discriminação está em setores onde há mais terceirizados, como os de limpeza e vigilância, segundo relatório da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Com refeitórios, vestiários e uniformes que os diferenciam, incentiva-se a percepção discriminatória de que são trabalhadores de “segunda classe”.

5) Negociação com patrão ficará mais difícil
Terceirizados que trabalham em um mesmo local têm patrões diferentes e são representados por sindicatos de setores distintos. Essa divisão afeta a capacidade deles pressionarem por benefícios. Isolados, terão mais dificuldades de negociar de forma conjunta ou de fazer ações como greves.

6) Casos de trabalho escravo podem se multiplicar
O uso de empresas terceirizadas é um artifício para tentar fugir das responsabilidades trabalhistas. Entre 2010 e 2014, cerca de 90% dos trabalhadores resgatados nos dez maiores flagrantes de trabalho escravo contemporâneo eram terceirizados, conforme dados do Ministério do Trabalho e Emprego. Casos como esses já acontecem em setores como mineração, confecções e manutenção elétrica.

7) Maus empregadores sairão impunes
Com a nova lei, ficará mais difícil responsabilizar empregadores que desrespeitam os direitos trabalhistas porque a relação entre a empresa principal e o funcionário terceirizado fica mais distante e difícil de ser comprovada. Em dezembro do último ano, o Tribunal Superior do Trabalho tinha 15.082 processos sobre terceirização na fila para serem julgados e a perspectiva dos juízes é que esse número aumente. Isso porque é mais difícil provar a responsabilidade dos empregadores sobre lesões a terceirizados.

8) Haverá mais facilidades para a corrupção
Casos de corrupção como o do bicheiro Carlos Cachoeira e do ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda envolviam a terceirização de serviços públicos. Em diversos casos menores, contratos fraudulentos de terceirização também foram usados para desviar dinheiro do Estado. Para o procurador do trabalho Rafael Gomes, a nova lei libera a corrupção nas terceirizações do setor público. A saúde e a educação pública perdem dinheiro com isso.

9) Estado terá menos arrecadação e mais gasto
Empresas menores pagam menos impostos. Como o trabalho terceirizado transfere funcionários para empresas menores, isso diminuiria a arrecadação do Estado. Ao mesmo tempo, a ampliação da terceirização deve provocar uma sobrecarga adicional ao SUS (Sistema Único de Saúde) e ao INSS. Segundo ministros do TST, isso acontece porque os trabalhadores terceirizados são vítimas de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais com maior frequência, o que gera gastos ao setor público.

Manifesto dos petroleiros da Bacia de Campos contra o PL da Escravidão

Nós, petroleiros da Bacia de Campos, trabalhadores brasileiros, manifestamos total repúdio à aprovação, pela Câmara dos Deputados Federais, do Projeto de Lei 4330, o PL da Escravidão, e exigimos que esta proposta nefasta seja derrubada no Senado ou por meio de veto presidencial.

Se a bancada dos patrões insistirem neste golpe contra os trabalhadores, os petroleiros se colocarão juntos às demais categorias para construir uma greve geral e intensificar a ação política para denunciar à sociedade cada deputado e senador que votar a favor do PL 4330. Os rostos destes covardes serão estampados por todo o País e os trabalhadores organizados trabalharão intensamente para que estes sejam banidos da vida pública.

Estamos convictos da justiça dos nossos propósitos e não recuaremos.

Todos contra o PL da Escravidão!

Bacia de Campos (RJ), 15 de Abril de 2015

Fonte: Sindipetro NF