Após interdição da P-51, trabalhadores correm para corrigir o que a gestão negligenciou

O Sindipetro-NF manteve contato na manhã desta segunda, 28, com os trabalhadores da plataforma P-51, na Bacia de Campos, para acompanhar a situação da unidade após a interdição parcial determinada pela Operação Ouro Negro, na sexta, 25.

Durante o final de semana, os petroleiros a bordo não tiveram informações consistentes da gerência da unidade sobre os desdobramentos da operação. A categoria relatou ao sindicato que “tudo era dito meio por alto”.

Os trabalhadores estão envolvidos hoje em um plano para atacar os pontos levantados pelos auditores da Operação que levaram à interdição. Há pendências elétricas, como luminárias quebradas — que expõem a risco de explosão em caso de vazamento de gás —, falta de fornecimento de certificados, entre outras.

Todas as PTs (Permissões de Trabalho) estão sendo direcionadas para o cumprimento das exigências da Operação Ouro Negro. A produção da unidade, de aproximadamente 60 mil barris diários de petróleo, não chegou a ser interrompida.

O diretor do Sindipetro-NF, Tezeu Bezerra, esteve a bordo da P-51 nos últimos dias 23 e 24, acompanhando a fiscalização. Ele explica que a entidade dá muita importância a estas ações, contribuindo com relatos enviados pelos trabalhadores e apresentando denúncias.

Para o sindicato, a segurança no trabalho merece a prioridade absoluta dos trabalhadores e todas as ações que podem salvar vidas devem ser valorizadas. Em razão disso, a entidade mantém canais constantes de denúncias sobre as falhas e abusos gerenciais na área de SMS, ambiência e habitabilidade.

De acordo com Bezerra, um dos itens relatados pelo NF aos auditores da Operação Ouro Negro foi o uso do “sistema de consequências” para punir trabalhadores, tirando o foco das responsabilidades dos gerentes nos casos de acidentes.

Interdição foi feita com participação do Sindipetro

Auditores fiscais do Trabalho interditaram parcialmente na sexta (25) a plataforma P 51 da Petrobrás. A ação fez parte da Operação Ouro Negro, coordenada pelo Ministério Público do Trabalho e com participação do Ministério do Trabalho, Marinha do Brasil, Ibama e Agência Nacional do Petróleo (ANP), que há quatro anos realizam fiscalizações periódicas em plataformas de petróleo e gás. O grupo estava há uma semana verificando documentos e as instalações do local, onde foram constatados problemas que colocavam em risco a segurança dos trabalhadores.

A P-51 fica localizada na Bacia de Campos, litoral Norte Fluminense, a 120 quilômetros da costa. Segundo Auditores a P-51 estava com várias irregularidades em instalações elétricas, nos espaços confinados, em laboratórios e também em áreas de armazenagem de material inflamável, além de outras irregularidades. Além disso, alguns equipamentos não obedeciam às normas legais de segurança, e havia ambientes com presença de ácido sulfídrico “acima dos níveis suportáveis”, o que pode causar intoxicação ou, até mesmo, morte.

O Coordenador Regional de Inspeção do Trabalho Portuário e Aquaviário do Ministério do Trabalho no Rio de Janeiro, Mauro Costa Cavalcante Filho, explica que os fiscais interditaram apenas parte da plataforma. Mas como os equipamentos, instrumentos e locais onde os serviços interditados são fundamentais para a sua operação, a plataforma deve ter a produção paralisada, e os trabalhadores não poderão ter acesso às áreas de processo, salvo para sanar as irregularidades detectadas após adotar as medidas de segurança necessárias à manutenção da integridade física dos mesmos.

Os trabalhadores, cerca de 190, podem permanecer na plataforma durante a interdição, pois a suspensão das operações já elimina os riscos. Entretanto, eles só poderão retomar as atividades citadas no Termo de Interdição, depois que a Petrobrás resolver todos os problemas de segurança. Nesse período, eles continuarão recebendo os respectivos salários e todos os demais benefícios, conforme prevê a legislação vigente.

NF denuncia e acompanha auditorias

A Operação Ouro Negro na plataforma P-51 foi acompanhada pelo Sindipetro-NF. A entidade foi representada pelo diretor Tezeu Bezerra. Na semana passada, a plataforma P-32 também passou por auditoria com acompanhamento do sindicato, do SGSO (Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional). A entidade destacou que a participação dos trabalhadores no levantamento das pendências de segurança nas plataformas tem sido importante para subsidiar o trabalho da fiscalização e as denúncias do NF que, em muitos casos, levam às interdições.

Fonte: Sindipetro-NF