Descaso da gerência paralisa atividades da PBio em Montes Claros

Alterações no projeto original de duas caldeiras de vapor paralisam as atividades da Usina de Biodiesel Darcy Ribeiro, em Montes Claros há mais de uma semana. A mudança foi feita porque houve elevação de carga das caldeiras e alterada a composição de seu combustível – passando a queimar ácido graxo – o que poderia ter provocado a explosão da caldeira, causando danos à planta e deixando trabalhadores feridos.

Segundo denúncias recebidas pelo Sindipetro/MG, em visita à unidade na segunda-feira (15), os problemas nas caldeiras foram detectados em uma inspeção de rotina no último dia 9.

Foi constatada que as duas caldeiras apresentavam deformações conhecidas como “laranja” e, por isso, a unidade precisou ser completamente parada.
Os defeitos teriam sido provocados pelas mudanças nas caldeiras. No entanto, ao ser questionada sobre o fato, a gerência da Usina informou que as alterações nas condições originais do projeto foram feitas com autorização do fabricante.

Porém, até o fechamento deste boletim, a empresa não apresentou a documentação solicitada pelo Sindipetro/MG dos estudos relacionados aos procedimentos de gestão de mudança.

Segundo o coordenador do Sindipetro/MG, Anselmo Braga, os trabalhadores relataram que não houve planejamento adequado, nem comprometimento gerencial em esclarecer a força de trabalho sobre as mudanças – o que seria um comportamento corriqueiro da gerência.

Também não há qualquer evidência de treinamento dos trabalhadores na nova condição da caldeira – o que é procedimento padrão em qualquer tipo de alteração das condições originais de qualquer equipamento em unidades operacionais da Petrobrás.

“Essa mudança colocou toda a Usina em risco e poderia ter provocado um acidente sem precedentes. Agora, a unidade está completamente parada e com previsão de que seu funcionamento seja restabelecido nos próximos dias. Isso revela o descaso da gerência da PBio com o setor – que já vem sendo sucateado desde 2016”, denuncia.

Além disso, segundo Anselmo Braga, mesmo diante de uma emergência como essa, o gerente de Produção, Carlos Eduardo Torres, responsável pelo setor onde aconteceu o incidente e onde foram realizadas as alterações de projeto, saiu de férias.

O Sindipetro/MG também questionou a Petrobrás Biocombustível sobre a ausência do gerente em um momento tão grave e foi informado de que as férias já estariam marcadas – o que não se justifica diante da situação. Esse mesmo gerente já foi denunciado inúmeras vezes ao Sindicato por práticas de assédio moral contra os petroleiros da Usina.

“Ele é um exemplo claro de um chefe que não é líder e prova isso mais uma vez agora, ao deixar a unidade em um momento grave como esse”, completou o coordenador do Sindicato.

[Sindipetro-MG]