Saída da Petrobras do Amazonas é estratégia de privatização

[Da imprensa do Sindipetro-AM]

O Sindicato dos Petroleiros do Amazonas (Sindipetro-AM) afirma que a saída da Petrobrás do Amazonas, segue uma política de privatização e desinvestimento da empresa e que irá gerar impactos negativos nos setores econômico, social e ambiental do Estado. A saída da estatal inclui a venda da Refinaria Isaac Sabbá (Reman), conforme anunciado em setembro de 2019, e também a venda do Polo de Urucu (650 quilômetros de Manaus) anunciado no dia 26 de junho. 

Ao contrário do falso argumento da Petrobras sobre a diminuição dos preços dos combustíveis e à livre concorrência, o Sindipetro-AM destaca que no setor econômico estadual, o principal impacto é a transferência do monopólio público para o privado, ou seja, a privatização vai deixar o consumidor refém do monopólio regional privado e não haverá competitividade, mas sim maior concentração do setor.

A venda das unidades também coloca em risco a contribuição fiscal da estatal para o Estado. A Petrobras é uma das maiores fontes de ICMS para o Amazonas, com contribuição estimada em R$ 267,94 milhões em royalties e participações especiais em função da produção de hidrocarbonetos para serem investidos na educação e saúde. 

O Sindipetro-AM destaca também que no setor social, a saída da Petrobras no Amazonas irá aumentar a taxa de desemprego no Estado, pois estima-se que mil trabalhadores no Amazonas serão demitidos pela empresa. Já no setor ambiental, o Sindipetro-AM avalia que a Petrobras no Amazonas exerce uma importante responsabilidade durante as atividades de produção petrolífera para preservar o bioma e evitar desastres ambientais. E que a privatização também irá impactar os projetos de preservação ambiental, patrocinados pela Petrobras. Além disso, a estatal tem tido o compromisso em atuar contra os desastres ambientais ocasionados por empresas do setor privado. 

Para o Sindipetro-AM as unidades são lucrativas, conforme os próprios dados divulgados pela Petrobrás. A Reman é responsável por refino de derivados do petróleo e terminal de armazenamento para diferentes transportes de fornecimento de óleo, GLP e derivados e, possui a capacidade de processamento em aproximadamente 46 mil barris de petróleo por dia, mas atualmente funciona apenas com 15% da sua capacidade de produção. Já o Polo de Urucu é a segunda maior reserva de gás natural do Brasil e a primeira em terra firme, ocupando as sete áreas de concessão de produção: Araracanga, Carapanaúba, Arara Azul, Cupiúba, Leste de Urucu, Rio Urucu e Sudoeste Urucu, entre os municípios de Tefé e Coari e que estão conectados, por meio do gasoduto Urucu-Coari-Manaus. O Polo de Urucu é capaz de produzir 60 mil barris de petróleo e 10 milhões de metros cúbicos de gás natural. 

Planos de privatização 

De acordo com o teaser de venda do Polo de Urucu e da Reman, a Petrobras afirma que não prevê demissões de empregados e que a venda é para reduzir elevado endividamento da estatal. Em contradição aos próprios argumentos, a Petrobras iniciou em 2019, o processo de privatização nas unidades do Brasil, que incluem: venda, desativação de unidades e demissão em massa. Um dos principais exemplos do modelo de política de privatização da Petrobras é a desativação da Araucária Nitrogenados do Paraná (Ansa/ Fafen-PR). No processo de desativação da Fafen-PR, a Petrobras incluía a demissão em massa dos empregados da fábrica, a maior geração de renda do município. 

Além da Reman, a gestão da Petrobras tem anunciado também a venda de mais cinco oito refinarias no Brasil, entre elas Refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia; Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), no Rio Grande do Sul; Refinaria Getúlio Vargas (Repar), no Paraná; Refinaria Gabriel Passos (Regap) em Minas Gerais e a Refinaria Abreu e Lima (RNEST) em Pernambuco. E de acordo com análise divulgado pela PUC-RIO, a Reman está entre as refinarias a venda que possui potencial mais elevado para formação de monopólios regionais, caso sejam privatizadas. 

A desativação da fábrica da Fafen-PR, foi uma das principais pautas de reivindicações da greve dos petroleiros em fevereiro de 2020 e a demissão de 396 empregados foi impedida na Justiça, por meio de mediação da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e sindicatos filiados. A greve dos petroleiros, realizada pela FUP e sindicatos, incluindo o Sindipetro-AM foi aderida por 20 mil trabalhadores de 113 unidades do Sistema Petrobrás. 

Petrobras, Covid -19 e financiamento de Fake News 

A política de privatização da Petrobras, alertada pela FUP e seus sindicatos, vem sendo acelerada conforme divulgado pelo governo Federal com a justificativa que a pandemia do Covid-19 teria causado impactos negativos na estatal. Em contradição as justificativas de endividamento, a Petrobras divulgou que foi a empresa estatal com maior lucro no país, com resultado recorde de R$ 40 bilhões em 2019. Para a categoria petroleira, a justificativa de endividamento é apenas um discurso falso para acelerar a venda de ativos. 

Em continuidade a discursos contraditórios de que a Petrobrás está endividada, a atual gestão da Petrobras destinou verba de publicidade para canais investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por divulgação de Fake News. De acordo com dados obtidos pela Lei de Acesso à Informação, foram divulgados 28.845 anúncios para canais de comunicação que defendem a Ditadura Militar, entre 2017 e 2019, com a verba da estatal. 

O Sindipetro-AM e a FUP destacam que a categoria Petroleira defende uma empresa estatal aliada a conquistas, pesquisas e desenvolvimento a favor da sociedade com apoio a cultura, ciência, progresso do país em defesa da soberania nacional ao contrário de uma atual gestão entreguista e autoritária.