70 anos da Rlam foi marcado por emoção e ato contra a privatização da refinaria

[Da imprensa do Sindipetro-BA]

Emoção e gratidão. Esses dois sentimentos podem justificar o comportamento dos trabalhadores diretos e indiretos que participaram do ato em comemoração aos 70 anos da Refinaria Landulpho Alves, no município de São Francisco do Conde (Bahia), na manhã dessa quinta-feira (17), em frente à refinaria, primeira a integrar o Sistema Petrobrás e segunda do país em capacidade de processamento.

Nas falas da categoria e dos dirigentes sindicais, sobressaia o orgulho de trabalhar na Landulpho Alves e de ser funcionário ou funcionária da Petrobrás. Também havia revolta e apreensão, pois há possibilidade da Rlam ser vendida para um conglomerado internacional, o Mubadala Investment Company, que pertence ao governo da Arábia Saudita.

A história da refinaria também foi destaque em vários pronunciamentos. Palco de muitas mobilizações, lutas e greves, a Rlam e seus trabalhadores têm a resistência em seu DNA. Não é à toa que o trevo que dá acesso à essa unidade da Petrobrás foi batizado de Trevo da Resistência. 

O ato também foi uma forma de resgatar e festejar a história da Rlam, cuja operação, que teve início em 1950, possibilitou o desenvolvimento do primeiro complexo petroquímico planejado do país e maior complexo industrial do Hemisfério Sul, o Polo Petroquímico de Camaçari. Além de ter contribuído para o desenvolvimento tecnológico e geração de empregos e renda para a Bahia.

Muitos dirigentes sindicais de outras categorias compareceram ao ato a exemplo do Sitticcan, Sindalimentação e Sindicato dos Servidores Públicos de São Francisco do Conde. Também estava presente o vereador Val Peças (PSB), da cidade de Madre de Deus.

Ex-presidentes do Sindipetro Bahia foram convidados para participar da homenagem à Rlam. Germino Borges, que estava à frente da entidade sindical em 1983, ainda no período da ditadura militar, quando o Sindipetro sofreu intervenção, falou sobre a histórica greve de 83 e lembrou dos momentos de lutas e enfrentamentos que ocorreram, ressaltando a importância da Rlam para a geração de empregos e desenvolvimento regional e nacional.

O funcionário da Rlam e diretor do Sindipetro, Attila Barbosa, falou sobre a importância da unidade da categoria e da necessidade de fazer uma greve em defesa do Sistema Petrobrás e da soberania nacional. A também diretora do Sindipetro, Elizabete Sacramento, afirmou que “defender a Petrobras e a refinaria é lutar contra esse governo fascista para que tenhamos a possibilidade de retomarmos o desenvolvimento da Bahia e do Brasil, com geração de emprego, renda e uma melhor qualidade de vida”.

STF vai julgar se venda da Landulpho Alves é legal

O Coordenador Geral da FUP e diretor do Sindipetro Bahia, Deyvid Bacelar, que também é funcionário da Rlam, fez uma fala emocionada e ao mesmo tempo dura. Ele parabenizou a categoria, lembrando a história dos petroleiros e petroleiras e ressaltou a necessidade de intensificar a luta em defesa do Sistema Petrobrás, “que está sendo desmontado e vendido pelo governo Bolsonaro”.

Bacelar lembrou que a partir dessa sexta-feira (18), o Supremo Tribunal Federal deve julgar um pedido feito pelas mesas da Câmara dos Deputados e do Senado contra a venda das refinarias da estatal. Alegando desvio de finalidade, Senado e Câmara solicitam que o STF emita uma medida cautelar contra essas vendas. “Incorporada à Petrobrás, a Rlam faz parte do capital social da estatal, portanto, não sendo uma subsidiária não poderia ter sido colocada à venda pelo governo Bolsonaro, sem autorização do Congresso Nacional. Então, essa venda é ilegal”, afirmou.

O Coordenador Geral do Sindipetro Bahia, Jairo Batista, lembrou que a Rlam é o símbolo do inicio da industrialização da Bahia e do Brasil. Para ele, ”infelizmente, não há muito a comemorar, mas sim a lutar e resistir”. Batista falou da importância de intensificar as ações da campanha “A Petrobrás Fica”, que já conta com a adesão de diversos parlamentares, prefeitos e governadores e com o trabalho que vem sendo feito pela FUP, os Sindipetros e a Frente Parlamentar Mista em Defesa da Petrobrás, lançada oficialmente no início de agosto. “A nossa soberania tem de prevalecer. A privatização das refinarias e de outras unidades do Sistema Petrobrás trará um grande prejuízo à nação”.

Palmas para a Rlam

Ao final do ato, a categoria se reuniu em volta de um bolo de 2 metros de comprimento para cantar parabéns para a Rlam e também para todos aqueles que ao longo de 7 décadas, com comprometimento, se dedicaram para fazer com que a Rlam virasse sinônimo de excelência, sendo responsável por 25% do ICMS do estado da Bahia.

A Rlam nasceu antes mesmo da Petrobrás, cuja lei que levou à sua criação foi sancionada pelo presidente Getúlio Vargas em 03 de outubro de 1953, dando à Petróleo Brasileiro S.A as atribuições de pesquisa, exploração, refino, transporte e sistema de dutos.

Na Landulpho Alves, são refinados diariamente 31 tipos de produtos, das mais diversas formas. Além dos conhecidos GLP, gasolina, diesel e lubrificantes, a refinaria é a única produtora nacional de food grade, uma parafina de teor alimentício, utilizada para fabricação de chocolates, chicletes, entre outros, e de n-parafinas, derivado utilizado como matéria-prima na produção de detergentes biodegradáveis.

A planta se destaca também na produção de óleo combustível marítimo (bunker) de baixo teor de enxofre, produto que ganhou peso nas exportações da Petrobrás neste ano, sobretudo após a pandemia. De janeiro a julho, a Rlam produziu 749,5 mil toneladas do produto, 22% da produção brasileira desse combustível.

Com capacidade de processamento de 323.000 unidades de barris por dia, a Rlam foi colocada à venda junto com os seus terminais operados pela Transpetro (Candeias, Itabuna, Jequié e Madre de Deus), além de 669 km de dutos que integram a rede da refinaria, incluindo oleodutos que ligam a RLAM ao Terminal Madre de Deus, ao Complexo Petroquímico de Camaçari e aos Terminais de Jequié e Itabuna.

Para o Sindipetro Bahia e a FUP, a luta contra a venda das unidades do Sistema Petrobrás é prioridade e sempre esteve na pauta das entidades sindicais, que já tomaram diversas ações jurídicas e políticas para evitar que o governo Bolsonaro execute esse crime lesa pátria. As campanhas “Rlam 70 anos, História Luta e Resistência” e “Petrobrás Fica” continuam a todo vapor.