A democracia cubana e a ditadura da mídia


Chega a ser risível, e beira o ridículo, a forma como parte expressiva dos meios de comunicação tem se referido a Cuba, ao povo cubano e sua revolução, numa mescla de preconceito, desinformação e ódio de classe. Meia dúzia de famílias donas de rádios, jornais e tevês, que fizeram de suas redações o maior e mais impenetrável latifúndio do país, se arrogam no direito de pontificar sobre o que é ou não é democracia.

O motor de tamanho desserviço à objetividade dos fatos é encontrado facilmente não pela obviedade da gorda publicidade de bancos e transnacionais vinculados aos Estados Unidos nestas publicações, mas principalmente pela completa submissão ideológica ao deus mercado e seus apóstolos: o neoliberalismo, o privatismo e a alienação.

O povo cubano enfrentou e derrotou a mais longa lista de provocações e agressões que se tem notícia, como o criminoso bloqueio econômico que impede até mesmo a recepção de medicamentos e marca-passos para suas crianças. De forma altiva, superando as maiores dificuldades, os cubanos souberam garantir e preservar imensos avanços na saúde e na educação públicas, conseguindo manter a sua soberania, há apenas 140 quilômetros do gigante do Norte.

Imaginem o Uruguai bloqueado pelo Brasil, Argentina e Estados Unidos. Uma pequena ilha impedida de comercializar com seus parceiros naturais, submetida ao garrote dos EUA e da Europa, e mesmo assim mantendo o bem-estar social da sua população. Por favor, se é para comparar padrão de vida, temos de ver a realidade dos países da região e não da Suíça. O bloqueio a Cuba é um crime contra a Humanidade, uma agressão sem precedentes movida para tentar impor um modo de vida e pensamento que não correspondem às aspirações de seu povo.

Foram tempos difíceis, onde tiveram de enfrentar da inoculação de pragas e vírus por aviões norte-americanos a lavouras e rebanhos, até bombas e intervenções terroristas patrocinadas pela CIA e pelo Departamento de Estado dos EUA. Sem falar nas centenas de tentativas comprovadas de assassinato de seu presidente e a várias lideranças do comando revolucionário.

Quantos países do mundo teriam suportado com tamanha fibra e destemor tantos crimes, chantagens e sabotagens? Mais de um milhão e meio de cubanos marcharam em Havana no Dia Internacional do Trabalhador, em comemoração às conquistas do socialismo, pela manutenção dos direitos e para respaldar a luta antiimperialista. Da mesma forma, a mídia se cala. Qual é o melhor termômetro para medir os avanços de um processo, do que o respaldo popular? Que autoridade moral tem os barões da mídia para fazer tábua rasa deste apoio massivo à revolução, das formas encontradas pelo povo cubano para se defender das constantes ameaças de um império que não hesita em bombardear, prender e assassinar opositores, que justifica a tortura, que mantém um campo de concentração em pleno século 21, que apóia o muro do apartheid de Israel contra os palestinos?

Durante anos, os manipuladores tentaram fazer crer que nada havia de independência na Ilha, a quem acusavam de ser um mero satélite da União Soviética. Os anos se passaram e a verdade falou mais alto, como o despreendimento dos cubanos empenhados na erradicação do analfabetismo na Nicarágua, na Venezuela e na Bolívia, ou de armas na mão contra os racistas em defesa de Angola. Cuba tem hoje mais médicos espalhados pelos países do que a Organização das Nações Unidas, reforçando com seus professores, esportistas e enfermeiros a constante batalha pela vida, pela cultura e pela integração dos povos. Abre suas universidades não apenas aos jovens pobres do Brasil, mas dos próprios Estados Unidos, numa comovente lição de esperança e solidariedade. Esta é a verdade que não quer calar, este é o fantasma que apavora as redações da reação.