Os desafios do movimento sindical cutista


A Confederação Nacional do Ramo Químico (CNQ-CUT) é uma entidade atenta aos novos desafios da conjuntura que são colocados para o movimento sindical. Conforme amplo e democrático debate político e organizativo, realizado em 2007, no V Congresso da Confederação, ficou muito clara a importância tática e estratégica de uma eficaz política sindical para o fortalecimento da CNQ e da CUT.

Nossa concepção sindical é o resultado direto do acumulo de forças que os movimentos progressistas e de esquerda conquistaram na sociedade. A Central Única dos Trabalhadores surgiu, há quase 25 anos, em agosto de 1983, a partir da ação de um vasto grupo de sindicalistas que questionou a estrutura sindical oficial; que se insurgiu contra o amordaçamento do sindicalismo, imposto pela ditadura militar e que buscava alterar as relações viciadas entre o capital e o trabalho.

O nascimento da CUT representa uma ruptura com o sindicalismo pelego, atrelado ao Ministério do Trabalho, omisso diante da situação política e econômica do país e do movimento vivo que renascia no interior da sociedade brasileira. A CUT nascia respaldada por esse súbito e renovado vigor das manifestações populares e sindicais, sobretudo, a partir das históricas mobilizações dos metalúrgicos da Região do ABC, em São Paulo.

A Central foi marcada, logo nos seus primeiros anos, por manifestações históricas, greves gerais contra a ditadura militar e por uma ação e prática sindical realizadas sob o signo do inconformismo. Eram ações perpetradas com o objetivo de corroer a estrutura oficial, aquartelada nos sindicatos oficiais. Elas se davam através de disputas acirradas nas eleições sindicais, alterações de estatutos e formas de atuação dos sindicatos, ou ainda pela ação de oposições sindicais organizadas e ativas.

Buscava-se assim ampliar a base autêntica de organização da classe trabalhadora. A partir dessa série de ações, deu-se origem a organização de sindicatos por ramos de atividade econômica, no lugar simplesmente dos sindicatos por categoria, limitados a estreitas bases geográficas.

Nova etapa

Hoje, com o reconhecimento oficial das centrais sindicais, em decisão histórica da Câmara Federal, ocorrida no dia 11 de março, descortina-se uma nova etapa para o sindicalismo brasileiro, embora também pontilhada por inúmeros desafios.

A reforma sindical, bandeira defendida pela Central, desde o primeiro momento, enfrenta dificuldades para se concretizar, por conta da forte oposição de sindicatos patronais e também de muitos sindicatos acomodados à estrutura sindical vigente desde os tempos de Vargas.

As mudanças que defendemos passam, portanto, pela alteração da correlação de forças existentes na sociedade e dentro do próprio movimento sindical.

Por isso, são importantes e atuais as bandeiras de luta aprovadas pela CNQ no último congresso. Nossas bandeiras centram-se, entre outros pontos, naquelas idéias originais, presentes no surgimento da CUT, de um sindicalismo independente, de luta, pelo direito de organização sindical no local de trabalho, pela superação da estrutura sindical vigente, pelo diálogo entre o movimento sindical e popular, etc.

Sob essa perspectiva, o V Congresso deliberou que a Secretaria de Política Sindical deve realizar um amplo acompanhamento dos sindicatos cutistas do ramo, incentivar a ampliação de nossa base de influência no ramo químico, através do apoio organizado às oposições sindicais cutistas, do estabelecimento de diálogo com sindicatos independentes,de elaboração de propostas de unificação dos sindicatos do ramo químico, além de atuar em conjunto com outras secretarias para melhorar a formação e a informação dos dirigentes sindicais do ramo, principalmente em relação a questões como estrutura sindical, OLT, etc.

Projeto sindical

Hoje, mais do que nunca, precisamos fortalecer o projeto sindical da CNQ e da CUT, que é a alternativa mais forte, organizada e coerente para o avanço da luta da classe trabalhadora.

Para cumprir esse objetivo, temos de ampliar nossa influência sindical em quantidade e também em qualidade e estender essa influência para a sociedade, através de ações conjuntas com os movimentos sociais e setores organizados e progressistas da sociedade civil, sempre tendo como perspectiva estratégica a emancipação dos trabalhadores, como obra dos próprios trabalhadores.

Afinal, o objetivo histórico da CUT é o de contribuir para a construção de uma sociedade sem explorados nem exploradores.