Editorial: O balanço da Petrobrás e a disputa pelo pré-sal

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Com a divulgação dos resultados operacionais e contábeis do terceiro e do quarto trimestres de 2014, a Petrobrás vence o primeiro grande desafio da crise que se abateu sobre a empresa desde o início do ano passado. Agora é hora de virar a página e fortalecer investimentos estratégicos, que geram emprego e renda para milhares de brasileiros.  Os trabalhadores, como sempre, têm sido essenciais para a recuperação da companhia, como apontam os resultados operacionais. Enquanto várias outras petrolíferas apresentam quedas acentuadas em suas reservas e níveis de produção, a Petrobrás em 2014 conseguiu elevar em 5% a produção de petróleo e gás, bateu recordes na exploração do pré-sal (713 mil barris em dezembro) e aumentou em 2% o refino de derivados.

Apesar de ter registrado no ano passado um lucro bruto 15% superior ao de 2013, a estatal acabou amargando um prejuízo de R$ 21,6 bilhões, em função, principalmente, da desvalorização de ativos e da queda nos preços do barril de petróleo. Somam-se a isso as baixas contábeis de operações realizadas com empresas investigadas pela Lava Jato, o que, na opinião de vários especialistas, são uma estimativa forçada para responder ao mercado.

“O balanço da Petrobrás, ao menos quanto à corrupção, foi um factoide. Um factoide de 2 bilhões de dólares que representa o ponto culminante de uma série de factoides produzidos por um jogo de pressões voltado para encontrar, doa a quem doer, chifre em cabeça de cavalo”, afirmou o jornalista Mauro Santayana, em artigo amplamente reproduzido, onde critica veementemente a atuação da consultoria estrangeira que auditou o balanço da estatal , estimando prejuízos causados por corrupção com base em uma “teoria do domínio do boato”.

“Desde que o Brasil adotou o regime de partilha, as corporações do setor fecharam o cerco à Petrobrás, mediante analistas do setor financeiro e agências de risco, para desidratar a empresa e assim torpedear o modelo de partilha”, declarou o vice-presidente do Conselho Federal de Economia, Júlio Miragaya, à última edição da revista Carta Capital, cuja reportagem de capa aborda a recuperação da estatal.

O fato é que, no rastro da Operação Lava Jato, o PSDB, o DEM e o PMDB já ingressaram com projetos de lei na Câmara e no Senado para acabar com o modelo de partilha e a exclusividade da Petrobrás na operação do pré-sal. Acadeia produtiva que gira em torno da petrolífera também já começou a ser desarticulada, paralisando investimentos e, consequentemente, causando demissões. Segundo estimativas do Sindicato das Indústrias da Construção Naval (Sinaval), mais de 10 mil postos de trabalho foram fechados nos estaleiros e mais 30 mil empregos poderão ser extintos nos próximos três meses. Na indústria de máquinas e equipamentos, já ocorreram 13 mil demissões em 2015 e nos setores ligados à Construção Civil, foram 241.580 postos de trabalho encerrados desde setembro do ano passado, segundo o Caged.

A retomada de uma agenda positiva para a Petrobrás, portanto, é fundamental na recuperação da indústria nacional e para garantir que o pré-sal seja de fato uma nova fronteira de desenvolvimento para o país. Mais do que nunca, é hora do governo fortalecer a empresa e a política de conteúdo nacional, se contrapondo aos ataques da mídia e aos setores que defendem o fim do modelo de partilha e a privatização da estatal. A FUP e seus sindicatos seguirão adiante, mobilizando as centrais sindicais classistas e os movimento sociais na defesa da soberania e dos interesses nacionais. 

Fonte: FUP