Contra a reforma trabalhista, 20 mil ocupam Praça da Sé, em São Paulo, e decidem novas paralisações

A CUT e demais centrais sindicais reuniram mais de 20 mil pessoas na Praça da Sé, no centro da capital paulista, na manhã desta sexta-feira (10) para protestar contra a Reforma Trabalhista, que entra em vigor neste sábado (11), e alertar que o Brasil irá parar se a reforma da Previdência for encaminhada para votação na Câmara dos Deputados. 

A Reforma Trabalhista, aprovada em julho deste ano, retira direitos conquistados pela classe trabalhadora brasileira ao longo de sete décadas, desde 1943, quando ocorreu a primeira edição da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). 

Entre as mudanças criticadas pelas centrais e os movimentos sociais estão o banco de horas negociado individualmente, as férias parceladas em três vezes, e o chamado trabalho intermitente, no qual os trabalhadores poderão ser contratados por jornada ou hora de serviço. 

Ao lembrar que 81% dos brasileiros rejeitam a reforma, segundo pesquisa da CUT-VOX Populi divulgada nesta semana, o presidente da CUT, Vagner Freitas, afirmou que há muita luta a ser feita neste próximo período. “Vamos defender o nosso lado, que é o lado da classe trabalhadora. Não há nenhuma possibilidade de conciliação com o outro lado, que financiou o golpe para acabar com os direitos. Eles (golpistas) não conseguiram fazer tudo ainda. Uma coisa foi ter passado a reforma no Congresso Nacional, outra é efetivar no chão de fábrica”, alertou.

O presidente da CUT São Paulo, Douglas Izzo lembrou a Campanha Nacional pela Anulação da Reforma Trabalhista, realizada em todo país, por meio de abaixo-assinado em apoio ao Projeto de Lei de Iniciativa Popular (PLIP) que anule a medida. “Esta reforma é uma afronta à Constituição e ao povo brasileiro. Em todos os locais de trabalho e praças públicas onde temos coletado assinaturas, não há quem seja a favor. Nós não permitiremos que ela avance na prática e alertamos desde já: se a reforma da Previdência for aprovada, vamos parar o Brasil”, disse.

A professora de educação infantil, Denise Soares, diz ter vontade de “chacoalhar” as pessoas ao seu redor para que entendam, segundo ela, este momento em que o Brasil vive. “A precarização e a terceirização podem piorar ainda mais a qualidade da educação. Eu sinto que o povo ainda está anestesiado e não acordou para a gravidade das coisas. Vejo meus parentes, meus colegas de trabalho. As pessoas parecem ter uma consciência, mas que não leva à ação de fato”, avalia.

Para a assistente social Maria Lúcia, a conscientização da população brasileira deve melhorar. Em sua avaliação, a classe trabalhadora ainda pensa com as ideias da elite. “A gente trabalha muito e nossa qualidade de vida já é ruim. Como podem aprovar uma reforma trabalhista quando as pessoas levam três horas para ir ao trabalho? Como podemos pensar em meia de almoço, quando as pessoas trabalham 10 ou 12 horas por dia? Como pensar num ambiente insalubre para mulheres grávidas? Se essa reforma vingar, as próximas gerações vão sofrer muito”, disse.

Braços cruzados e outras ações – Diferentes categorias paralisaram suas atividades em todo estado de São Paulo desde a manhã. Atos irão ocorrer em outras cidades do interior paulista. Na capital, outra mobilização é organizada pelos servidores públicos, que se reúnem a partir das 14h, no Palácio dos Bandeirantes (Av. Morumbi, 4.500), onde haverá ato e entrega da pauta de reivindicação do conjunto do funcionalismo ao governador Geraldo Alckmin.

Acompanhe minuto-a-minuto mobilização em todo o país

Via CUT