FUP critica interferência de Moro na gestão da Petrobrás

Em reunião de negociação do Acordo Coletivo com a Petrobrás e subsidiárias, nesta terça-feira, 12, o coordenador da FUP, José Maria Rangel, criticou duramente a gestão da empresa por ter recebido na sexta-feira, 08, o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos julgamentos da operação Lava Jato.

No entendimento da FUP, a visita dele foi completamente inapropriada. “Não somos contrários ao combate à corrupção, mas não podemos admitir que por conta disso se destrua a Petrobrás e todo um setor que é fundamental para o país, como é a indústria de óleo e gás”, destacou José Maria para os gestores da Petrobrás.

Ele citou exemplo de outras empresas que enfrentam problemas graves com corrupção, como a Sansung, a Volkswagen e a SBM, que tiveram executivos presos, mas os investimentos preservados. “A Shell, por exemplo, tem vários processos de corrupção no mundo, está envolvida em lobby aqui no Brasil para ser beneficiada no Pré-Sal e com isenções de tributos e em momento algum teve seus negócios afetados”, denunciou.

“Não aceitamos que um juiz seletivo venha aqui nos ensinar o que fazer, propondo que os trabalhadores sejam dedo-duro, que a evolução patrimonial dos trabalhadores seja acompanhada, gerando crime policialesco na companhia, enquanto os verdadeiros criminosos estão soltos. Pior do que tudo isso é o presidente da Petrobras sugerir monitoramento nos e-mails dos trabalhadores”, criticou o coordenador da FUP, destacando que o custo social da Lava Jato é muito maior do que os valores que a operação devolveu à empresa.

Defesa de Lula pede suspeição de Moro por evento na Petrobras

Os advogados do ex-presidente Lula, Valeska Martins e Cristiano Zanin Martins, protocolaram um pedido de exceção de suspeição contra o juiz Sergio Moro, da Lava Jato, por sua participação em um evento da Petrobras na semana passada e pelos conselhos feitos pelo magistrado. No documento, a defesa pede que Moro se afaste dos processos contra Lula e lembra que a estatal do petróleo “é parte (acusadora)” nas ações contra o ex-presidente.

A defesa lembra que, um dia antes de visitar a Petrobras, Moro aceitou pedido do Ministério Público para incluir a Petrobras como Assistente de Acusação. “Passou a ser parte formal, pois”, destaca a petição. Os advogados também pedem, além do afastamento de Moro, a suspensão do prosseguimento do processo e a declaração sobre se ele recebeu alguma recompensa para participar do evento da Petrobras, além de áudios e vídeos da visita por parte da empresa e a explicação se pagou pela participação de Moro.

Moro foi convidado na semana passada a participar do 4º Evento Petrobras em Compliance, na sede da estatal, no Rio de Janeiro. Em seu discurso, ele fez sugestões à diretoria de práticas que devem ser adotadas para evitar a corrupção, como evitar indicações políticas e monitorar o modo de vida e a moradia dos executivos.

3rd party ad content“Em nenhum lugar do mundo juiz vai visitar uma parte para dar-lhe conselhos jurídicos”, rebateu Zanin em nota. “O discurso feito hoje pelo juiz Sérgio Moro na sede da Petrobras por si só compromete a aparência de imparcialidade e pode motivar o reconhecimento da sua suspeição”, completou o advogado. (Via Revista Fórum)