FUP e sindicatos se mobilizam em defesa das FAFEN´s

Em protesto contra o fechamento e privatização das Fábricas de Fertilizantes Nitrogenados (FAFEN´s), mais um desmonte do Sistema Petrobrás que a gestão Pedro Parente impõe ao povo brasileiro, a FUP e seus sindicatos realizam esta semana uma série de atos e audiências públicas, denunciando os impactos dessa medida. No Rio de Janeiro, os petroleiros se manifestarão em frente à sede da empresa na quinta-feira, 22, pela manhã, quando as multinacionais Yara (norueguesa) e ACRON (russa) entregarão propostas para compra da Araucária Nitrogenados (Fafen-PR) e da Unidade de Fertilizantes-III (Fafen-MS).

Protestos na Bahia

Nesta terça-feira, 20, a FUP e o Sindipetro Bahia mobilizaram os trabalhadores da Fafen de Camaçari, com ato na porta da fábrica e audiência pública na Câmara Municipal. O fechamento da unidade foi oficializado pela Petrobrás, através de comunicado ao mercado, anunciando que as duas fábricas de nitrogenados (Bahia e Sergipe) serão colocadas em hibernação ainda este semestre. Juntas, elas têm capacidade de produzir anualmente 1,1 milhão de toneladas de uréia, 900 mil toneladas de amônia, 36 mil toneladas de ácido nítrico e 150 mil toneladas de gás carbônico.

Só na Bahia, a Fafen emprega cerca de 700 trabalhadores diretos e 1.300 terceirizados. Os produtos da Fábrica são utilizados como matéria-prima em várias empresas do Polo Petroquímico de Camaçari. Na quinta-feira, 22, o Sindipetro-BA participa de nova audiência pública na Câmara Municipal de Dias D’Ávila para denunciar os prejuízos do fechamento da fábrica.

Parente coloca Brasil na contramão do mundo

A saída da Petrobrás do segmento de fertilizantes, além de comprometer a soberania alimentar, já que importamos hoje mais de 75% dos insumos nitrogenados, coloca o Brasil na direção contrária de outras grandes nações agrícolas, cujos mercados de fertilizantes estão em expansão. O nosso país, por exemplo, é o quarto maior consumidor de fertilizantes do mundo.

Os governos Lula e Dilma trabalharam para reduzir essa dependência externa, através da implementação do Plano Nacional de Fertilizantes e da ampliação da participação da Petrobrás no setor, com o desenvolvimento de novas fábricas, como a Fafen Uberaba e a Fafen Mato Grosso do Sul, que chegou a ter 85% das obras concluídas, mas está sendo privatizada por Pedro Parente.

Se as novas plantas já estivessem produzindo, a necessidade de importação de fertilizantes nitrogenados seria hoje inferior a 10%. “O Brasil passaria a ser praticamente autossuficiente na produção desses insumos e com perspectiva de se tornar o maior produtor mundial de alimentos”, destaca Deyvid Bacelar diretor da FUP e coordenador do Sindipetro-BA.

Desmonte vinha sendo denunciado pela FUP

O desmonte do setor de fertilizantes já vem sendo denunciado pela FUP há mais de um ano. Em setembro de 2017, o Sindiquímica Paraná alertou o Ministério Público para a intenção de Pedro Parente e do governo Temer de entregarem a Fafen-PR por R$ 0,00, já que os impairments apresentados nos balanços contábeis da Petrobrás desvalorizaram em R$ 800 milhões a unidade. Menos de dez dias após a denúncia, os gestores da empresa anunciaram a privatização da Fafen-PR e da Fafen-MS.

Em novembro, a FUP e seus sindicatos chegaram a ocupar a fábrica de Araucária para denunciar o sucateamento da unidade, que está sendo desmobilizada desde o anúncio da entrega. A fábrica era a maior produtora mundial de ARLA-32, um catalizador para redução de emissão de gases tóxicos para motores a diesel. A unidade de Araucária tem capacidade de produzir anualmente 700 mil toneladas de ureia e 475 mil toneladas de amônia e mais de 100 mil toneladas de ARLA-32. A FUP também ingressou com uma Ação Civil Pública na 42ª Vara Civil do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, contestando a lisura e legitimidade da venda da unidade.

Mobilização no Paraná

Na quinta-feira 22, nova mobilização será realizada na Fafen-PR contra a saída da Petrobrás do setor. “Fertilizantes são estratégicos para nossa soberania alimentar, para o aumento de nosso PIB e contribuem para o equilíbrio da balança comercial. Tirar das mãos do Estado um insumo tão estratégico é de uma estupidez sem limites”, afirma o diretor da FUP, Gerson Castellano.  

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[FUP]