Novo conselho de administração da Petrobrás tem interesses privados, financeiros e internacionais

A Petrobras divulgou no início desta semana oito nomes indicados pela União para compor o conselho de administração da companhia e apresentou a proposta de ampliação no número de conselheiros, passando de sete para onze.

Segundo o site da revista Isto É, entre os membros que já integram o colegiado devem permanecer no posto iniciando novo mandato o atual presidente do conselho, Luiz Nelson Guedes de Carvalho, o presidente executivo da Petrobras, Pedro Parente, além de Francisco Petros, Segen Farid Estefen e Jerônimo Antunes.
De acordo com o portal G1, os acionistas Leblon Ações Master FIA, Leblon Icatu Previdência FIM e Ataulfo LLC, indicaram os seguintes candidatos: Marcelo Mesquita, ligado ao mercado de capitais, representando os acionistas minoritários ordinaristas e Sônia Júla Sulzbeck Villalobose, ligada ao mercado de private equity, representando os acionistas minoritários preferencialistas. Além disso, deve ser endossada pela empresa o representante dos funcionários Christian Queipo, ligado aos engenheiros e aos escalões gerenciais da empresa.
Os três novos indicados são (i) Clarissa de Araújo Lins, sócia fundadora da consultoria cata-vento; (ii) Ana Lucia Poças Zambelli, presidente da empresa dinamarquesa de transporte e energia até 2017; (iii) José Alberto de Paula Torres Lima, gestor de áreas estratégicas da Shell nos últimos 27 anos. A eleição foi marcada para a próxima reunião da Assembléia Geral Ordinária agendada para o dia 26 de abril.
O atual conselho de administração da Petrobras é composto majoritariamente por conselheiros diretamente ligados ao mercado financeiro, com membros que também mantém assento nos conselhos de empresas como a BM&F/Bovespa ou com membros oriundos de bancos como Citibank, BTG-Pactual, além de instituições como a Associação Brasileira de Mercado de Capitais. Além disso, membros da atual direção são egressos de setores e empresas que mantém interesse direto no pacote de desinvestimentos da Petrobras, como BG e Comgás. Tal composição denota a presença de interesses privados e financeiros não só orbitando ao redor da Petrobras, mas sendo representados desde dentro da empresa.
A novidade na nova lista de indicações é a possível intensificação da presença de interesses de grandes companhias transnacionais dentro da própria Petrobras. Vale lembrar que a Maersk é uma das grandes fornecedoras de porta-contentores e navios para a Petrobras. Além disso, nos últimos anos observam-se inúmeros sinais do lobby da Shell assediando políticos, parlamentares e gestores que atuam na cadeia produtiva de óleo e gás no Brasil. Não é nenhum segredo o fato de que essas duas companhias estabeleceram como parte dos seus planos estratégicos a diretriz de intensificar sua presença no Brasil, sobretudo, nas áreas do pré-sal e nos segmentos que orbitam ao seu redor.
A proposta de nova composição do conselho da Petrobras traduz como os interesses privados, financeiros e internacionais sistematicamente se impõe sobre os interesses públicos, industriais e nacionais que deveriam orientar a ação de uma companhia que, antes de mais nada, é um patrimônio do conjunto da população brasileira.

Fonte: blog do ineep.org.br