China, energia e a Rota da Seda: a projeção global chinesa

Enquanto os Estados Unidos, a Russia e Oriente Médio acirram os ânimos, entre os motivos existentes, por conta das rotas de petróleo e gás natural, a China tem executado intensamente a recém lançada política da nova Rota da Seda. Tal política, em resumo, visa realizar gigantescos projetos globais de investimento em infraestrutura, indústria, entre outros, incluindo o setor de energia.

Esse projeto caminha na direção das mudanças energéticas proposta pela China nos próximos anos. Nesse sentido, o país asiático visa ampliar massivamente seus investimentos em novas fontes de energia e ganhos de eficiência a fim de i) reduzir da intensidade energética em um total de 15% entre 2016 e 2020 e, ii) a ampliação da utilização de fontes de energias renováveis Essas duas diretrizes estão subordinadas a um conjunto de interesses geopolíticos, como o maior controle das reservas energéticas, a maior diversificação de fornecedores estrangeiros, a ampliação de parcerias com países considerados estratégicos, entre outros.

O lançamento do 12º Plano quinquenal de desenvolvimento energético da China em 2013, por exemplo, avançou nos incentivos a diferentes usos de fontes energéticas na China, bem como estabeleceu metas para a emissão de gases do efeito estufa. Além disso, o Plano apontava para metas de redução do consumo de energia e aumento da eficiência energética. Visando alcançar esses objetivos, o governo chinês estabeleceu um cenário ideal da sua matriz energética em 2020, quando o país asiático espera quintuplicar o uso da energia eólica e sextuplicar o da energia solar. 

Recente matéria do periódico, The Cleaner, atesta os esforços realizados pelos chineses no caso da energia solar. Em 2017, foram adicionados à capacidade de energia global 98 gigawatts oriundo da fonte solar, totalizando um investimento de US$ 160 bilhões. Desse valor, a China sozinha foi responsável por 53 gigawatts e um investimento de US$ 86 bilhões, mais de 50% do total. O investimento chinês em energia solar foi maior que o investimento global em carvão e respondeu por cerca de um terço dos investimentos globais em renováveis somente em 2017.

O esforço chinês não só tem relação com seus objetivos internos de transição energética, mas também tem sido uma forma de ocupar espaços em varias regiões por meio dos investimentos das empresas do país. Enquanto o imbróglio do Oriente Médio só aumenta, em função principalmente da politica externa do presidente Trump, a China faz vários movimentos como investir em petroleo na America do Sul, renováveis na Australia e em outros projetos na África e nos seus vizinhos da Ásia. A energia da Rota da Seda deve criar uma teia de relações que pode projetar a China no médio prazo a um novo papel geopolítico.

Fonte | ineep.org.br