Aumento dos combustíveis, privatização da Petrobrás e Lava Jato fazem parte do mesmo projeto que levou ao golpe de 2016

 

“A privatização e a política de preços da Petrobrás: A farsa do Lava-Jato” foi tema do segundo painel realizado na manhã de sábado, 25, na VIII Plenafup. Participaram da mesa os técnicos do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis Zé Eduardo Dutra (Ineep), Rodrigo Leão e William Nozaki, o representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Petrobrás, Danilo Silva, e Ester Hoffman, da Direção Nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST).

A dirigente do MST lembrou aos petroleiros que todos os encontros dos movimentos sociais nos últimos anos são pautados pela resistência ao projeto de privatizações e retirada de direitos dos trabalhadores, que afetam a população desde o golpe de 2016. Ela destacou que as medidas ultraliberais que o governo vem implementando está jogando nos ombros dos trabalhadores a conta da crise gerada pelo capitalismo.

“O que estão fazendo é uma tentativa de salvação do projeto dos capitalistas para essa crise, através da retirada de direitos, que teve início com a Reforma Trabalhista e agora ganha força com a Reforma da Previdência. O que eles querem é implantar a financeirização da previdência, além da apropriação do capital dos nossos bens naturais”, disse Ester.

Na visão do MST, a luta tem que ser pela soberania nacional e popular, que visa também resolver os problemas de desigualdade, um tema muito central nesse período. “Esse é o nosso desafio:  como a classe trabalhadora vai construir uma forma de dialogar, que mostre todo o risco que esse governo representa”, pontuou, reforçando a importância dos atos que estão por vir no dia 30 de maio e da greve geral convocada para 14 de junho.

A estreita relação entre a Lava Jato, o aumento dos combustíveis e a eleição de Bolsonaro foi enfatizada pelos pesquisadores do Ineep. William Nozaki explicou como o projeto de desnacionalização e desmonte do setor petróleo no Brasil está diretamente relacionado à operação Lava Jato e ao caos que o país vive em função da instabilidade política. “A Lava Jato construiu o cenário e a narrativa que deram legitimidade para um impeachment ilegítimo, uma prisão ilegal, o desmonte do sistema político e do parque produtivo nacional, abrindo as portas para a privatização da Petrobrás e desnacionalização do setor petróleo”, afirmou.

O coordenador técnico do Ineep, Rodrigo Leão, analisou os componentes dos preços dos combustíveis no Brasil, os impactos no mercado nacional e a política de desnacionalização imposta à Petrobrás, cujas 13 refinarias representam 98% da capacidade de refino do país. Ele alertou para o risco que a venda das oito refinarias anunciadas pela gestão da empresa representa para o consumidor, em função dos monopólios privados que dominarão o mercado nacional de derivados, o que fará com que os preços dos combustíveis fiquem totalmente fora de controle do Estado.

Danilo Silva, conselheiro eleito da Petrobrás, enfatizou a importância do mandato dos trabalhadores no Conselho de Administração da empresa e ressaltou os riscos que o governo Bolsonaro representa para a soberania nacional. “Paulo Guedes e sua turma são muito piores do que qualquer outra equipe econômica que já governou o país”, afirmou. “Não existe espaço de diálogo institucional com essa turma. Para entregar o patrimônio público, desrespeitam frontalmente legislações e decisões de ministro do STF”, declarou, referindo-se aos anúncios de venda das refinarias e mais recentemente da BR Distribuidora.

“Quando esse governo acabar, vamos ter um passivo tão grande na Petrobrás, que corre o risco de inviabilizarem a empresa”, alertou Danilo.


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Imprensa da FUP e do Sindipetro-NF | Foto: Alessandra Murteira (FUP)