Sindipetro-NF, que produziu documentário sobre Cambaíba, considera brutais as declarações de Bolsonaro

 

As brutais declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre o assassinato do pai do atual  presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santos Cruz, o militante político Fernando Santa Cruz, chocaram ontem o País e voltaram a colocar em destaque o cenário da incineração dos corpos, a usina Cambaíba, em Campos dos Goytacazes, no Norte do Rio de Janeiro, de acordo com denúncia do ex-delegado do Dops, Cláudio Guerra, no livro “Memórias de uma guerra suja”.

Em 2013, o Sindipetro-NF lançou o documentário “Forró em Cambaíba”, que também trata do desaparecimento de corpos políticos no local. Em entrevista ao jornalista Vitor Menezes, que dirigiu o filme e atua no Departamento de Comunicação do sindicato, Guerra mostrou como eram feitas as incinerações, de onde vinham os corpos e quais pessoas estavam envolvidas na operação. A conversa foi gravada enquanto o entrevistador e o entrevistado caminhavam em frente aos fornos que, segundo o ex-delegado, foram utilizados nas incinerações. Recentemente, estes fornos foram demolidos, o que também está sendo investigado.

Fernando Santa Cruz é listado em livro com as memórias de Guerra como sendo um dos militantes que tiveram os corpos incinerados em Cambaíba. No documentário, militantes do MST, que haviam acabado de ocupar as terras, são mostrados em um momento solene de uma assembleia, aonde os mortos têm os nomes citados, seguidos dos gritos de “presente”.

Outro entrevistado do documentário, o então procurador do Ministério Público Federal, Eduardo Santos de Oliveira, ressaltava à época a importância das investigações sobre as incinerações denunciadas por Guerra, por envolverem crimes de tortura, que não prescrevem. Ontem, ao G1, o MPF afirmou que concluiu as investigações no último dia 26 e que os resultados ainda estão sendo mantidos em sigilo.

O Sindipetro-NF, que desde a sua fundação é parceiro do MST e demais movimentos sociais que lutam pela elucidação dos crimes da ditadura civil-militar brasileira, condena com veemência as declarações irresponsáveis de Bolsonaro e se solidariza à Ordem dos Advogados do Brasil na cobrança de que a suposta versão verdadeira sobre a morte de Fernando Santos Cruz seja então informada pelo presidente da República.

Abaixo, trecho do documentário com entrevista do ex-delegado Cláudio Guerra:

[Via Sindipetro-NF]