Capital sem Pessoas

 

Por Normando Rodrigues, assessor jurídico da FUP

Apesar de todo o desenvolvimento da automação, acentuado pelas inovações quanto à Inteligência Artificial, a revista The Economist destacou semana passada a constante queda de produtividade dos trabalhadores, em todo o mundo porém mais acentuada na periferia.

Análises listam como motivos principais, no capitalismo periférico, a pouca transferência de tecnologia e o baixo investimento, convenientemente omitindo que uma e outro são condicionados pela relação Centro/Periferia.

Segundo a ideologia neoliberal, os mais pobres não poupam, e não investem, porque não se organizam para tal. Pouco importa que metade dos brasileiros viva com menos de um salário mínimo. Não sobra dinheiro para investir porque são desorganizados.

IMPERIALISMO

No exato mesmo raciocínio, a baixa produtividade do brasileiro é analisada como se transferência de tecnologia e investimentos não tivessem nenhuma relação com o fluxo de capitais do Brasil para os países centrais, na forma de remessa de lucros de filiais e subsidiárias, e de exportação de commodities combinada com importação de manufaturas de maior valor agregado.

O mundo multilateral, onde as nações periféricas tinham alguma voz, entrou em extinção a partir da ruptura unilateral com o Padrão Ouro por Nixon, em 1971. Extinção que se acentuou dramaticamente com o governo Trump. A tendência dominante é a de uma mal disfarçada recolonização, onde governos locais favoráveis são destituídos, ou entronizados, via guerras híbridas.

ARAUCÁRIA NITROGENADOS

No passado, ao mesmo tempo em que pregava o “Livre Comércio”, o Império Britânico desindustrializou a Índia e o Egito, via intervenção militar. Pelo único motivo de essas duas nações colocarem produtos têxteis, no mercado internacional, mais baratos do que os feitos em Machester.

Pelo exato mesmo motivo o Brasil está em acentuado processo de desindustrialização. Aliás a maior desindustrialização já registrada na história. O país não pode privar os exportadores de derivados de petróleo de seu mercado interno! Por isso as refinarias serão vendidas e se transformarão em pátios de tancagem, para armazenar derivados importados, enquanto exportamos óleo cru.

E como também não podemos privar os produtores internacionais de fertilizantes, do acesso ao rico mercado brasileiro do agronegócio, a Araucária Nitrogenados deve ser fechada. Simples assim.

Tudo isso feito por um governo “patriota”, que identifica desenvolvimento com submissão aos EUA.

[Artigo publicado pelo jornal Nascente/Sindipetro-NF – Ilustração: Tiago Hoisel]