Abertura do 7° Congresso Unificado dos Petroleiros e Petroquímicos pautou assuntos centrais aos trabalhadores

[Da imprensa do Sindipetro-PR/SC]

O Congresso Unificado começou na noite de sexta-feira (26). O evento levantou temas pontais para os trabalhadores do Sistema Petrobrás e para a sociedade. A “mesa virtual” composta por convidados de diferentes áreas abordou questões econômicas e sociais conectadas ao universo dos petroleiros (assista AQUI).

O diferente momento histórico imposto pela Covid-19 obrigou trabalhadores, entidades de classe e agentes políticos a se adequar. Uma guerra diferente para quem tem histórico de luta. “Ao longo das décadas nós vencemos inúmeras delas. E o congresso serve para dialogar com a categoria, nos preparar para ações e construir soluções nesses novos tempos”, explica Alexandro Guilherme Jorge, presidente do Sindipetro PR e SC.

As entidades agradecem os convidados Sandro Silva (economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – Dieese), Rafael Rodrigues (sociólogo e pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – INEEP), Sidnei Machado (doutor em direito, advogado e professor da Universidade Federal do Paraná – UFPR) e Zeca Dirceu (deputado federal).

Também enaltece todas e todos que acompanharam pelas redes sociais e participaram enviando perguntas.

Conjuntura política

Zeca Dirceu, deputado federal (PT), trouxe para o debate a questão política. Para o parlamentar, o momento reflete a reação dos que defendem a democracia. Principalmente diante de uma administração federal que não entregou nada de positivo para a sociedade até o momento.

O deputado explicou que aos poucos o governo Bolsonaro se deteriora e a rejeição aumenta. Principalmente porque os resultados antes da covid-19 já eram desanimadores: o “governo está sem rumo. O ‘pibinho’ do Brasil veio antes do coronavírus”.

Mesmo com péssimo desempenho a atual administração não sinaliza qualquer alteração da sua agenda ultraliberal. A Petrobrás está no centro disso tudo, pois seu desmonte representa um “troféu” para Bolsonaro, Paulo Guedes e Castello Branco.

A maior empresa brasileira sofre com a política de desinvestimento da atual gestão, que reduz drasticamente seu parque de refino e se desfaz de ativos. “Só não fez mais porque os sindicatos, os trabalhadores, as trabalhadoras, resistem”, disse Zeca Dirceu, deputado federal da oposição.

Petróleo

Já o sociólogo e pesquisador do INEEP, Rafael Rodrigues, explicou que o cenário é de queda abrupta de demanda no setor e de tensão. Principalmente com a guerra de preços entre Rússia e Arábia Saudita, que sinalizou novas polarizações no mundo do petróleo. Para ele o que chama atenção durante essa crise é a preocupação dos países soberanos energeticamente com suas reservas de petróleo. “EUA e a China estão fazendo estoque, uma política estatal. Cada um está fazendo do seu jeito. Rússia estatizou oleodutos. A Arábia Saudita compra ações; é o estado tendo maior participação”, apontou Rafael.

Já a agenda brasileira causa preocupação, pois segue na contramão dos rumos das grandes potências. A atual gestão da Petrobrás adotou uma política de se desfazer de refinarias, deixar de operar no setor de fertilizantes, na área de biocombustíveis e sinaliza sua saída do mercado de gás natural. O resultado da privataria aplicada por Bolsonaro é o sucateamento da estatal, que já significa 19% do desemprego no país, segundo o pesquisador.

Trabalho

Nos últimos dias a atual gestão da Petrobrás convocou uma reunião fora dos protocolos para debater o novo Acordo Coletivo de Trabalho dos petroleiros. O movimento da empresa foi visto como reflexo da pressa em privatizar e retirar direitos da categoria nessa negociação.

Para Sandro Silva, economista do Dieese, as relações de trabalho nos últimos anos têm novas configurações: “os sindicatos precisam ver esse momento como uma oportunidade para mostrar a importância que eles têm na sociedade”.

Para Sidnei Machado outro ponto central na atual conjuntura é o teletrabalho. Modalidade que não é nova, mas pela primeira vez está sendo aplicada em massa. “Do ponto de visto do trabalho é uma questão ambígua. Os trabalhadores estão inquietos. Colocando na balança perdas e ganhos”, pontuou o advogado. Só na Petrobrás há 21 mil trabalhadores em teletrabalho.

Petroquímicos

No final da cerimônia, Gerson Castellano, coordenador interino do Sindiquímica PR, lembrou das lutas pelos empregos dos trabalhadores da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados de Araucária (FafenPR). 

“Os petroquímicos sofreram um golpe. Foram mil famílias afetadas diretamente. Lembro da resistência e da greve que a gente fez. Participamos bravamente daquela luta”, recordou o dirigente. O que reafirma a necessidade de unidade, pois a história pode se repetir na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar).

Após encerramento da primeira mesa do Congresso, os trabalhadores se prepararam para, já no sábado (27), analisar as propostas dos convidados e construir respostas aos desafios expostos.