Petroleiras mandam o recado: “Fresca é água, mulher aqui é trabalhadora e merece respeito”

Você sabia que tem supervisor e até gerente na Reduc que, apesar do código de ética e de toda informação corporativa contra a discriminação, ainda acha que a operação não é lugar de mulher? 

[Da imprensa do Sindipetro Duque de Caxias]

Na Petrobrás, do efetivo total de trabalhadores, cerca de 16% são mulheres. Na área operacional, a quantidade de mulheres é ainda menor – chegando a 10% ou menos dependendo da unidade. Uma das possíveis razões talvez seja esse mesmo preconceito que atinge as mulheres, antes mesmo de realizar o concurso para preenchimento de vagas em cargos técnicos.

“Quando entrei ouvi alguns homens falarem que ali não era lugar de mulher, que deveria estar em casa cuidando do marido ou estudar para estar num lugar melhor. Estou há 12 anos provando o contrário. São sempre comentários revestidos de um caráter de cuidado por parte dos homens”, critica Andressa Delbons, técnica de operação da Reduc, diretora do Sindipetro Caxias e da Federação Única dos Petroleiros, além de coordenadora do Coletivo de Mulheres Petroleiras da FUP.

A diferença de tratamento é reforçada em períodos de retrocesso democrático, como esse que o Brasil e outros países do mundo enfrentam. E se afirma como uma reação do conservadorismo à conquista de direitos.

Quando a mentalidade predominante é de submissão, ela irá transparecer em todos os setores da nossa vida, negando não só a autonomia das mulheres mas também do país. Por isso vemos o Estado voltando a abrir mão da soberania nacional com ideais de privatização e sucateamento da educação, saúde… e isso também nos afeta.

Foi sob a gestão Temer que o subcomitê de diversidade – que é um requisito para que Petrobrás mantenha o selo pró-equidade de gênero, e que tinha uma representante das trabalhadoras, foi totalmente esvaziado. Um retorno desse fórum no governo Bolsonaro seria uma utopia, dada a ideologia do novo governo. Esse pensamento tacanho e retrógrado impacta no dia a dia das trabalhadoras e dificulta o avanço em questões fundamentais para a classe trabalhadora, como por exemplo o direito à amamentação. A partir desse fórum foi, por exemplo, expandida e facilitada a utilização das salas de amamentação em diversas unidades do Sistema Petrobrás.

Se você é homem e está parado no tempo, se atualize! Mas se você é mulher e se identificou ou já sofreu qualquer tipo de assédio dentro do local de trabalho, participe do Coletivo Nacional de Mulheres Petroleiras e vamos juntas combater este pensamento!


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