Outras duas plataformas da Petrobrás apresentam surto de Covid-19 na Bacia de Campos

Sindipetro-NF denuncia novos casos de Covid-19 na P-47 e na P-35, no campo de Marlim. Em novembro, outras duas plataformas da região registraram surtos. Contaminação entre petroleiros é o dobro da média nacional, aponta parecer da Fiocruz

[Do boletim Nascente, do Sindipetro-NF, com informações da assessoria de comunicação]

Nessa semana o Sindipetro-NF recebeu denúncia da ocorrência de mais casos de covid-19 a bordo das plataformas na Bacia de Campos, agora na P-47 e na P-35. Na primeira, 22 trabalhadores desembarcaram e desses foram cinco os casos confirmados até segunda, 30. Já na P-35, oito trabalhadores desembarcaram: quatro no dia 27 de novembro, duas no dia 29 e duas ontem — até a terça, 01, uma pessoa havia testado positivo e três deram negativo. Na semana passada, a plataforma de P-18 teve oito casos confirmados e mais sete pessoas que estiveram em contato com esses trabalhadores.

A diretoria do sindicato mantém contato com a empresa e pressiona para que medidas de proteção sejam tomadas de forma a resguardar todos os trabalhadores a bordo. Desde o início da pandemia, o NF vem atuando de forma incisiva na proteção da saúde dos trabalhadores.

Outras plataformas

Em novembro foram registrados surtos de Covid-19 em outras duas plataformas da Bacia de Campos, a P-56, no campo de Marlim Sul, e a P-25, em Albacora. Até agora foram cerca de 80 pessoas afetadas, entre contaminados e suspeitos, com confirmação de 36 casos até o momento. Vale lembrar que cada unidade tem, em média, 120 pessoas a bordo.

Sindicatos têm modelo aprovado

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) encaminhou parecer técnico ao Ministério Público do Trabalho reconhecendo como adequada a Proposta de Protocolo de Embarque e Testagem para covid-19 nos petroleiros, preparada pelas duas Federações (FUP e FNP) e Sintasa. No parecer, a Fiocruz apenas inclui o teste sorológico sanguíneo e indica que este teste deve ocorrer uma única vez, na primeira coleta sanguínea, antes do primeiro embarque, pelo novo protocolo sugerido. Desta forma, ele irá detectar anticorpos que podem levar de 1 a 3 semanas após a infecção para serem produzidos pelo sistema imunológico. O MP já informou à Petrobrás e orientou a adoção do protocolo sugerido pelos sindicatos e aprovado pela Fiocruz. Em paralelo, o Sindipetro-NF irá cobrar a implantação e acompanhar esse processo.

Petrobrás gasta mais com logística do que com testes

“Além de não rever processos, a Petrobrás se recusa a fornecer máscaras certificadas como EPI (Equipamento de Proteção Individual) aos trabalhadores que ficam nos hotéis de pré-embarque. Nossos procedimentos, inclusive, preservam o lado econômico da empresa, porque são mais baratos e evitariam grandes gastos com a logística adotada pela Petrobrás para manter os trabalhadores em hotéis, com custo de hospedagem, alimentação e homem-hora, pois sairia mais barato fazer mais testes. Tudo isso também é custo para o acionista. Sempre cobramos na reunião com os representantes da empresa que aceitem nossas reivindicações, mas continuamos não sendo atendidos. Enquanto isso, os casos de infectados aumentam”, explica Alexandre Vieira, coordenador de Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SMS) do SindipetroNF.

Somente em novembro, foram registrados surtos de Covid-19 em outras duas plataformas da Bacia de Campos: a P-56, no campo de Marlim Sul, e a P-25, em Albacora. Até agora, foram cerca de 80 pessoas afetadas, entre contaminados e suspeitos, com confirmação de 36 casos até o momento. Vale lembrar que cada unidade tem, em média, 120 pessoas a bordo em cada uma.

E de acordo com cálculos do SindipetroNF, o número de casos confirmados de Covid-19 até a última segunda-feira (23/11) em todo o Sistema Petrobrás era de 463, ante 163 confirmados em outubro e 178 em setembro. Os cálculos foram feitos com base no Boletim de Monitoramento Covid-19, publicado semanalmente pelo Ministério de Minas e Energia (MME).

Covid entre petroleiros é o dobro da média nacional

Parecer técnico da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado em outubro, comprova que a frequência dos casos de Covid-19 (expressa na incidência contaminados por 100 mil) entre os petroleiros é mais que o dobro da frequência registrada na população brasileira. Tomando como base os dados do Boletim de Monitoramento da Covid-19 do MME de 14 de setembro – números que estão subnotificados, apontam a FUP e seus sindicatos –, o parecer da ENSP/Fiocruz destaca que o “total de casos de Covid-19 na Petrobrás equivale a uma incidência de 4.448,9 casos /100 mil, o que corresponde a uma incidência maior do que o dobro (2,15) da incidência registrada em todo o Brasil (2.067,9), até a mesma data (14/09)”.

Além disso, o parecer da Fiocruz aponta que a resistência da Petrobrás em emitir Comunicações de Acidente de Trabalho (CATs) para trabalhadores contaminados por Covid-19 é uma estratégia para manipular a Taxa de Acidentes Registráveis (TAR), indicador observado para determinar o desempenho internacional de companhias de petróleo e que pode desvalorizar as empresas se mantida em patamares altos.