Gestão da Petrobrás ignora papel social da empresa com mais um aumento do gás de cozinha durante a pandemia

O novo reajuste do GLP, de 6%, promovido pela Petrobrás vai penalizar ainda mais as pessoas de renda mais baixa, sobretudo com o fim do auxílio emergencial e a ausência de uma política governamental que garanta renda, avaliam a FUP e seus sindicatos

A população mais pobre do Brasil, já gravemente afetada pela crise econômica e social decorrente da pandemia de covid-19, que vem gerando taxas de desemprego recordes, sofre ainda mais por causa da política de paridade internacional de preços aplicada pela Petrobrás nos combustíveis, principalmente no gás de cozinha (GLP). Na avaliação da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e seus sindicatos, a situação tende a piorar a partir deste mês, com o fim do auxílio emergencial e a ausência de ações do governo para garantir renda aos mais necessitados.

“Num momento dificílimo como o atual, com a pandemia fora de controle, o desemprego e a desocupação dos trabalhadores em níveis recorde e a disparada dos preços dos alimentos, a Petrobrás ainda reajusta seus combustíveis olhando para o exterior. A empresa esquece de seu papel social, ainda mais sendo controlada pelo governo E a situação é ainda pior com o gás de cozinha, usado pela população mais pobre. O resultado é que essas pessoas estão trocando o gás por lenha, porque não têm como pagar pelo produto. E esse quadro vai se agravar com o fim do auxílio emergencial”, avalia o coordenador geral da FUP, Deyvid Bacelar.

A Petrobrás reajustou em 6% o preço do GLP em suas refinarias a partir desta quinta (7/1). Foi o primeiro reajuste de 2021 e o décimo desde maio de 2020. Segundo a própria companhia informou, o gás de cozinha subiu 21,9% no ano passado, mesmo com a pandemia. Não é coincidência, portanto, que, de acordo com dados preliminares do Ministério de Minas e Energia (MME), as vendas de gás de cozinha caíram 20% em 2020, na comparação com 2019.

“Com o reajuste de hoje, em várias cidades no país o botijão de gás de cozinha de 13 quilos vai se aproximar dos R$ 100. É um terço do auxílio emergencial, o que já seria absurdo. Imagine a situação com o fim do auxílio neste mês, e sem qualquer sinal de um novo apoio financeiro por parte do governo Bolsonaro, que continua sem se importar com a população brasileira”, complementa Bacelar.

Em seu calendário de mobilizações em 2021, a FUP vai promover o Dia Nacional de Luta em Defesa da Redução do Preço do Botijão de Gás, com mobilizações em diversas cidades do país, articuladas em conjunto com os sindicatos. A ação, ainda sem data definida, pretende mostrar à população o preço justo do gás de cozinha, repetindo a campanha “Combustíveis a preços justos”, promovida pelos petroleiros em diversas cidades do país durante a greve da categoria, em fevereiro de 2020.

[Da assessoria de Comunicação da FUP]