Nos 160 anos da CEF, bancários se mobilizam contra privatização: ‘Governo quer vender a instituição aos pedaços’

Para marcar os 160 anos da Caixa Econômica, trabalhadores do banco fazem nesta terça-feira (12) um ato contra a venda de setores, como as áreas de Seguridade e de Cartões e o futuro Banco Digital estruturado para o pagamento do auxílio emergencial. “Uma estratégia do governo para vender o banco aos pedaços”, critica o presidente da Fenae, Sergio Takemoto

[Com informações do Brasil 247 e da Fenae]

A Caixa Econômica Federal completa 160 anos nesta terça-feira (12) e, para marcar a data, trabalhadores do banco 100% público do país organizaram atos em defesa da instituição. O governo Jair Bolsonaro estuma privatizar a instituição, uma medida que fere a soberania nacional em favor da redução de investimentos, penalizando principalmente os mais pobres. A empresa chegou a ter 101,5 mil trabalhadores em 2014, mas tem 84,2 mil atualmente. O banco trabalha com a estimativa de desligamento de 7,2 mil trabalhadores por meio de Programa de Desligamento Voluntário (PDV). Com a saída de 2,3 mil empregados no último PDV, o déficit de trabalhadores na Caixa se aproxima de 20 mil.

Às 12h, os bancários participaram da lavagem simbólica da frente da Matriz I da Caixa Econômica Federal, em Brasília. O ato foi em defesa do fortalecimento do papel social do banco e contra a venda de setores estratégicos da instituição, como as áreas de Seguridade e de Cartões e o futuro Banco Digital estruturado para o pagamento do auxílio emergencial e de outros benefícios sociais.

“Uma estratégia do governo para vender o banco aos pedaços”, criticou o presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae), Sergio Takemoto.

De acordo com o dirigente, “é preocupante o desligamento desses trabalhadores sem indicação do banco para a contratação de novos empregados”. “Além de piorar as condições de trabalho, a falta de bancários pode prejudicar o atendimento à população; principalmente, neste contexto de pandemia”, continuou.

“Só na pandemia da covid-19, cerca de 120 milhões de pessoas foram atendidas pelo banco para o pagamento do auxílio emergencial e de outros benefícios. Isto significa que, nesta crise, mais da metade da população carente vem contando com os serviços da Caixa, a estatal que está presente na vida dos brasileiros desde 12 de janeiro de 1861”, acrescentou.

Além da Fenae, as mobilizações desta terça também são coordenadas pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e contam com o apoio das 27 associações representativas dos trabalhadores da Caixa nos estados (Apcefs). As ações começaram às 11h por meio de um tuitaço com as hashtags #MexeuComACaixaMexeuComOBrasil e #PrivatizaNão.

Os trabalhadores também protestam contra a chamada “gestão pelo medo”, em que denunciam pressão da empresa para adesão a Programas de Desligamento Voluntário (PDVs), reestruturação do banco sem diálogo com os empregados, jornadas exaustivas, condições de trabalho inadequadas para o home office e cobrança de metas consideradas abusivas no contexto da pandemia.

No tuitaço, também foram usadas as hashtags #MetaDesumanaÉCrime, #MetaDesumanaÉExploração e #MenosMetasMaisContratação.

Dados

Atualmente, a Caixa Econômica Federal tem 54 mil pontos de atendimento no país. São 4,2 mil agências e postos, 8,6 mil correspondentes bancários, 12,9 mil lotéricos e 28,3 mil caixas eletrônicos (ATM’s). Além disso, a Caixa é o único banco que chega aos locais mais remotos por meio de oito unidades-caminhão e duas agências-barco na Região Amazônica.

De acordo com o banco, a Caixa contabiliza 145,4 milhões de correntistas e poupadores, sendo 143,1 milhões de pessoas físicas e 2,3 milhões de pessoas jurídicas.

Leia aqui a entrevista na íntegra com o presidente da Fenae.