Não adianta mudar a política de preço se não mudar a política de privatização, afirma ex-presidente da Petrobrás

Foto: Roberto Claro

Tendo em vista os últimos acontecimentos envolvendo a Petrobrás, como a demissão do atual presidente Castello Branco pelo Jair Bolsonaro, a indicação de um militar para o cargo, a queda nas ações da empresa, além da privatização de plantas estratégicas, o coordenador da FUP, Deyvid Bacelar, convidou em nome da direção, o ex-presidente da Petrobrás e professor aposentado da Universidade Federal da Bahia, Sérgio Gabrielli, para falar sobre o atual cenário político na última reunião do Conselho Deliberativo da Federação, realizado na última quinta-feira, 25. De acordo com Gabrielli, a Política de Preços Internacional adotada atualmente pela Petrobrás vai sofre problemas em um futuro próximo devido a política de mercado mundial. A Petrobrás irá continuar sendo uma exportadora de petróleo cru, tendo pouca capacidade de crescer a sua área de destilados leves.

O preço internacional vai continuar aumentando e não terá capacidade para atender o mercado interno. Gabrielli acredita que o general indicado pelo governo pode até tentar mudar a atual política de preços, mas não irá conseguir, pois o problema é estrutural. “Não adianta mudar somente a política de preços, mas é preciso rever a política de privatização”, destaca. Para ele, somente a correlação de forças políticas é capaz de mudar a política de preços e a política de privatização. “Se o capital financeiro abandonar o Bolsonar, e se Bolsonaro caminhar com a política nacional populista, ele vai ter uma política constituída em relação aos preços e vai reverter a privatização. Vai voltar o velho Bolsonaro, que é um nacionalista conservador de direita”.

Em sua fala, o professor alerta para as mudanças no cenário político brasileiro que ocorrerão nos próximos meses. “Os militares brasileiros neonacionalistas são eventos raríssimos no momento presente brasileiro, no entanto a presença dos militares no comando do estado brasileiro é cada vez maior. Quem está de fato comandando o governo brasileiro são os militares”, afirma. A Federação Única dos Petroleiros reafirma mais uma vez sua posição contrária ao atual governo privatista e se solidariza com todos os trabalhadores e trabalhadores de empresas que estão na mira do Bolsonaro, como os Correiros, a Eletorbras, e a própria Petrobrás.

[FUP]