Redução dos investimentos da Petrobrás preocupa conselheira eleita

Por Rosângela Buzanelli, representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Petrobrás, eleita pela categoria

A sistemática redução dos investimentos da Petrobrás em geral e, consequentemente, no segmento de Exploração e Produção (E&P), tem sido um tema bastante preocupante que tenho abordado em algumas publicações e questionado em todas as oportunidades no Conselho de Administração.

Na quinta-feira passada, dia 13, foram divulgados os resultados do primeiro trimestre de 2021 da companhia e uma das informações indicava a queda de 24% dos investimentos nessa área. Entre janeiro e março deste ano, de acordo com o informe, foram aplicados US$ 500 milhões a menos do que no mesmo período de 2020. O segmento de E&P recebeu um aporte de US$ 2,1 bilhões entre janeiro e março do ano passado, valor que caiu para US$ 1,6 bilhão nos três primeiros meses deste ano.

Houve ainda redução de 50% nos investimentos em Exploração no pré e pós-sal. No primeiro trimestre de 2020 foram investidos US$ 200 milhões e, neste ano, a metade desse valor.

Segundo levantamento do Ineep, o Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, com base nas divulgações oficiais, em 2017, as reservas da Petrobrás totalizavam 9,752 bilhões de barris de óleo equivalente (boe). Em 2018, esse volume diminuiu para 9,606 bilhões de boe e, no ano seguinte, 9,590 bilhões. Em 2020, as reservas chegaram a 8,816 bilhões de barris.

Óbvio dizer que a redução nos investimentos em E&P tem reflexos diretos na diminuição da relação reservas/produção e das reservas provadas da companhia, cujo volume vem caindo ano após ano. Os dados levantados a partir das divulgações oficiais demonstram fartamente a relação entre os cortes de investimentos em E&P e a redução das reservas provadas da Petrobrás, as menores do milênio, exceto por 2001, assim como na menor relação reservas/produção do milênio, atualmente abaixo dos 10 anos.

Acompanhando essa fatia da história, vemos um consistente crescimento dos investimentos a partir de 2003, acelerado a partir de 2007 com a descoberta do pré-sal, atingindo um pico em 2013 e que, a partir de 2014, sofre uma queda brusca e assume uma tendência decrescente. Lembrando que 2014 entra em cena, com vigor, a Operação Lava Jato.

Está posto um contrassenso: a Petrobrás sendo a descobridora da maior província petrolífera dos últimos anos obtém, em 2020, resultados preocupantes relativos às reservas, com a menor relação reservas/produção do milênio, abaixo de 10 anos, e com o segundo menor volume de reservas provadas do milênio.

A queda dos investimentos em E&P também deve impactar o crescimento dos royalties nos próximos anos e, juntamente com a concentração em poucos ativos, sinaliza o aprofundamento do processo de desintegração e apequenamento da Petrobrás. Essa estratégia adotada deverá trazer sérias consequências também ao país e à população, que serão sentidas nos próximos anos, caso não seja revertida.

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