CUT e entidades filiadas realizam mobilizações nas principais cidades do Brasil

Amanhã, dia 11 de fevereiro, a CUT e suas entidades filiadas realizam mobilizações de rua…

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Amanhã, dia 11 de fevereiro, a CUT e suas entidades filiadas realizam mobilizações de rua, atos políticos, passeatas e panfletagens em algumas das principais cidades do país, com o objetivo de reafirmar que a defesa dos empregos e dos salários deve ser prioridade absoluta do Brasil neste momento de crise, e para denunciar setores empresariais e políticos que querem se aproveitar da conjuntura para atacar os direitos dos trabalhadores e aprofundar a turbulência.

Através das mobilizações de amanhã, a Central Única dos Trabalhadores também quer repetir que fará o que estiver ao seu alcance para deter as demissões.

Será o Dia Nacional de Luta pelo Emprego e pelo Salário.

Uma das principais e maiores atividades de amanhã acontece na cidade do Rio de Janeiro, com passeata e ato político diante da sede administrativa da Vale (rua Graça Aranha, 26). Promovido pela CUT-RJ, o ato político em frente à Vale começa às 16h, com a presença do presidente nacional da CUT, Artur Henrique.

A escolha da Vale como local da concentração deve-se ao fato de a companhia simbolizar o oportunismo de quem muito lucra e tem muito dinheiro, mas se aproveita do clima de temor para defender demissões e redução de salários.

Outra importante mobilização acontece no período da manhã, a partir das 7h30, no km 23 da via Anchieta, em São Bernardo do Campo. Neste horário, os metalúrgicos do ABC iniciam protesto diante da VW.

Em comunicado, o Sindicato informa que o protesto servirá para exigir medidas contra:

– falta de responsabilidade social dos empresários;
 – demissões e redução de salário;
– oportunismo das empresas por usar a crise mundial como desculpa para demitir;
– retenção de crédito que impede, dificulta e encarece o financiamento ao consumidor final, apesar de recentes medidas para aumentar a liquidez, como a diminuição do compulsório;
– spread (lucro dos bancos com empréstimo) no Brasil, que é o maior do mundo e 11 vezes maior que o dos países desenvolvidos;
– taxa básica de juros, também a maior do mundo.

Cobrar o governo de SP – Na capital paulista, haverá, a partir das 10h, ato político na Praça do Patriarca, centro da cidade. Com representação teatral para denunciar as "espertezas empresariais durante a crise" e panfletagem, essa mobilização promovida pela CUT-SP tem por objetivo também reivindicar abertura de negociações entre trabalhadores, o setor produtivo em geral e o governador do Estado, José Serra, com quem se espera debater medidas de superação da crise.

Haverá protesto diante da Vale também em Vitória, capital capixaba, a partir das 9 da manhã, na portaria de Camburi. Na cidade de Vitória, a CUT e suas entidades também têm promovido panfletagens desde o dia 5.

Em Salvador, a partir das 10h, haverá protesto diante da sede da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (rua Edístio Ponde, 342).

A Boca Maldita será o palco da manifestação organizada pelas entidades cutistas em Curitiba, a partir das 9h.

Em Maceió (AL), a partir das 15h, as mobilizações acontecem no Calçadão do Comércio.

A CUT-PE realiza seu principal ato de amanhã diante da sede da empresa Fricon, localizada na BR 101 Norte, na cidade de Paulista, a partir das 6h.

Em Teresina, Piauí, o ato público ocorre na Praça da Liberdade, a partir das 8h30.

A cidade de Pelotas vai realizar o principal ato no Rio Grande do Sul, a partir das 10h, no Calçadão da cidade.

Estão programadas também atividades em cidades do interior dos Estados, como em São Paulo, onde haverá panfletagens em todos os municípios em que há subsedes da CUT.

Alternativas mais ousadas – Na visão da CUT, a única forma de superação da crise é a manutenção dos empregos e do valor dos salários, sem o que não há fortalecimento do mercado interno. A Central tem orientado seus sindicatos a buscar negociações e acordos que encontrem alternativas mais ousadas e responsáveis do que a simples redução de salário ou suspensão de contratos.

Um dos acordos fechados recentemente que mais bem simbolizam a possibilidade de superação da crise com respeito aos empregos e aos salários foi fechado no último dia 20 de janeiro com a VW de Taubaté (SP). Lá, o sindicato dos metalúrgicos, filiado à CUT, fechou um acordo que garantiu 650 contratações em carteira de trabalhadores temporários cujos contratos iriam se encerrar. Em troca, os trabalhadores toparam reduzir a jornada sem reduzir salário, sabendo que, quando a produção voltar a todo o vapor, as horas deverão ser repostas.

Na Zona Franca de Manaus, a CUT Amazonas fechou um acordo entre governo do estado e entidades empresariais que garantiu estabilidade no emprego de todos os 42 mil trabalhadores da indústria de motos e da indústria de plásticos durante o primeiro trimestre. Em troca, o governo abriu mão de parte dos impostos pelo mesmo período. Ao final de 90 dias, haverá nova rodada de negociação, para saber se o acordo precisa ser refeito. Mas todos estão apostando que até lá a produção dará sinais de retomada.

Resistência – Outra orientação da CUT a seus sindicatos é resistir às demissões com greves, paralisações e atos. Um dos casos mais recentes de luta veio da TRW, em Diadema, onde greves reverteram 86 demissões. Há greves desse tipo ocorrendo em diversas bases da CUT.

Ontem, o Sindicato dos Bancários de São Paulo realizou protesto na Avenida Paulista contra as recentes 400 demissões no Banco Santander. O objetivo é abrir negociações para reverter as dispensas.

Veja algumas das propostas da CUT para superação da crise:

Redução drástica da taxa básica de juros – com a taxa alta como está, os mesmos especuladores de sempre ganham e ainda derrubam o consumo.

Queda do spread – o spread é o que os bancos ganham quando pegam o dinheiro dos outros bem baratinho e emprestam bem caro

Liberação do crédito – os bancos estão sentados em cima do dinheiro, aplicando em papéis do governo, e quem precisa de crédito para produzir e consumir fica em apuros

Investimentos públicos – é essencial que o governo federal, através do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) mantenha e até amplie os investimentos em obras que gerem emprego e renda

Contrapartidas sociais – o governo precisa exigir que todas as empresas que receberem isenção de impostos ou empréstimo com dinheiro público  se comprometam a não demitir, sob pena de punição

Redução de impostos – a CUT propõe a redução da carga tributária durante os meses em que a produção estiver em baixa, mas só se for com garantia, por escrito, de que as empresas vão manter o nível de emprego e o valor dos salários registrados na data em que as reduções tributárias temporárias entrarem em vigor.

Câmaras setoriais – precisamos criar um calendário de encontros entre os representantes dos trabalhadores e dos empresários, mais os governos federal e estaduais, para debater e elaborar medidas políticas e econômicas que contribuam para o desenvolvimento econômico com distribuição de renda. Essa iniciativa democrática vai impedir que só "especialistas" e burocratas de gabinete tomem grandes decisões.

Redução da jornada sem redução de salários – se a jornada de trabalho semanal cair das atuais 44 horas para 40 horas, vai haver mais espaço para manter ou até gerar novos empregos.  Já existe um projeto de lei para essa mudança no Congresso Nacional. Vamos cobrar que deputados e senadores aprovem esse projeto.

Combate às terceirizações – os patrões abusam das terceirizações, para pagar salários mais baixos e não honrar com os direitos trabalhistas. Isso precisa mudar.

Fim da rotatividade – os empresários brasileiros têm por hábito demitir trabalhadores para contratar outros que vão ganhar menos. É uma forma de aumentar os lucros. Para acabar com essa farra, a CUT quer a Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho passe a vigorar no Brasil. Esta Convenção, que limita as demissões sem justa causa, depende agora da aprovação de deputados e senadores. Vamos cobrá-los.

Todo o apoio à agricultura familiar – crédito, assistência técnica e meios de comercialização.

Reforma agrária – mais empregos no campo.

Políticas públicas – ampliação e fortalecimento de programas sociais como saúde e educação para todos os brasileiros.